São Maximiliano Kolb – Martir de Auschwitz

 “Não esqueça o amor!”    

Seu nome de batismo era Raimundo Kolbe. Nascido em 8 de janeiro de 1894, na Polônia, era filho de família pobre. Seus pais eram operários humildes e simples, porém, ricos de fé e religião. No lar ele recebeu os princípios da fé e do amor cristãos. Por isso, com apenas treze anos Raimundo Ingressou no Seminário dos Frades Menores Conventuais Franciscanos. Ali, vivendo entre os confrades, ele demonstrou logo a força de sua vocação religiosa.

Padre Maximiliano Maria Kolbe destacou-se na Igreja pelo grande amor a Nossa Senhora e pelo seu incrível espírito empreendedor na área da comunicação social. Quatro anos após sua ordenação, em 1922, quase sem dinheiro, ele fundou uma tipografia. Ali fez proezas. Criou e editou uma revista dedicada a Nossa Senhora. Depois, criou um periódico semanal, uma revista para crianças e outra para sacerdotes. As tiragens começaram pequenas e, em pouco tempo, eram milhares. Seu espírito evangelizador, porém, não se contentava apenas com a palavra escrita. Por isso, criou uma emissora católica de rádio. Sua ação apostólica pelos meios de comunicação chegou até o Japão! E sua meta era estender a obra ao mundo inteiro, conquistando almas para Jesus através da Virgem Maria.

No início da Segunda Guerra Mundial São Maximiliano Maria Kolbe voltou à Polônia para dirigir a formação dos novos franciscanos. Pouco tempo depois, em 1939, os nazistas invadiram sua terra e prenderam Padre Kolbe pela primeira vez. Soltaram-no e voltaram a prendê-lo uma segunda vez em 1941. Dali, transferiram-no para o temível campo de concentração de Auschwitz, onde ele conheceu os horrores da guerra provocados pelos nazistas.

“O bloco 14 era dividido em duas partes, térreo e superior, éramos em 400 prisioneiros. A situação higiênica é indescritível, um banheiro para 400 prisioneiros. 

Padre Kolbe esteve no campo 77 dias, chegou dia 28 de maio 1941, era tranqüilo, um homem onde resplendia a bondade, um verdadeiro amigo. Aqueles que o conheciam sempre o ajudavam devido a sua fragilidade. Eu nunca me aproximava dele, ele sempre falava com os outros padres, a respeito da Imaculada e da Santíssima Trindade, somente os mais velhos o escutavam. A coisa mais interessante era perceber o quanto era bom.

– 29/07/1941, mais ou menos 13h00, momento pausa no trabalho e a sirene soou, deu medo, o som não era o mesmo, naquele dia entendíamos que era algo de ruim, e todos deveriam deixar o trabalho e ir para o pátio, é o momento do apelo, ou seja, o controle de prisioneiros de cada bloco. Alguns não suportavam o trabalho e morriam, mas vivo ou morto tinha que estar no momento do apelo, não podia faltar nenhum prisioneiro. Deus me permitiu estar em tantos apelos não sei como consegui. Naquele dia era apelo punitivo, somente para o nosso bloco, e nenhum outro bloco, podia nem mesmo ver pela janela se não também eram punidos.”

 Depoimento de Micherdzirski (Miguel) ex-prisioneiro número 1261, que esteve 04 anos no campo de concentração de Auschwitz. Foi transportado para o campo no dia 26/06/1940 com 19 anos. Deu seu testemunho no dia 08/01/2004, na Polônia em ocasião dos 110 anos do nascimento de São Maximiliano Kolbe.

– 30/07/1941 as 19h15, foi o momento que Padre Kolbe saiu da fila, do dia 29/07 ao 30/07 ficamos no pátio em pé sem comer, sem dormir, a noite era muito fria, e durante o dia muito calor. Os soldados colocavam a comida na nossa frente, e jogavam no chão, muitos não agüentavam, não tendo mais força e acabavam morrendo. Eu, Padre Kolbe e Francisco estávamos na mesma fila, na 5º ou 6° fila. Fritz andava entre as filas, e quando parava na frente de um prisioneiro significava que era seu fim, era condenado, quando Fritz se aproximou de mim, me sumiu a visão, tremia minhas pernas, meu único desejo era de viver, minha oração era “Deus não deixe ele tocar em mim”. Naquele momento não podíamos ter nenhum tipo de reação, não podia manifestar nem mesmo uma expressão, porque seria o suficiente para morrer. Quando tudo acabou foi um alivio, mas de repente se percebe que alguém sai do lugar, naquele momento o silêncio reinava, só se ouvia os passos daquele homem, Padre Kolbe. Ele calmamente se aproximou de Fritz e disse: “Quero morrer no lugar desse homem”. Em um lugar onde milhões morriam, morrer por um não significava nada.

Fritz perguntou: “Quem é o senhor?”.Calmamente Padre Kolbe responde: “Sou um Polaco sacerdote católico”. Sete milhões de prisioneiros passaram por lá, essa foi a primeira vez que Fritz chamava um prisioneiro de senhor, éramos sempre chamados de porcos, besta e outros nomes terríveis. Padre Kolbe disse simplesmente: “Porque ele tem mulher e filhos” ela salvava o valor do sacramento matrimonial e a paternidade.

O que mais impressionou, não foi o fato que ele morria por alguém, isso era normal em um lugar como aquele, mas naquele dia os Tedescos perderam a guerra, era inacreditável Fritz falar com um prisioneiro, e ter aceitado a troca, ele podia simplesmente atirar em Padre Kolbe e nos outros, ou então soltar os cachorros neles. No campo de concentração era inaceitável gesto de martírio, os Tedescos não admitiam, os prisioneiros só podiam morrer, por suas mãos. Padre kolbe morreu para salvar um único prisioneiro, mas naquele dia ele trouxe a Auchwitz a esperança e o amor.

Foram 386 horas de sofrimento, e de fome. A Imaculada fez com Padre Kolbe tudo aquilo que desejava, fez dele um grande dom. Humanamente era difícil entender aquele ato, aquele momento marcou a história de Auschwtiz, a história de cada prisioneiro, ele trouxe a cada um de nós a dignidade e a vontade de viver. “

“Padre Kolbe e os outros nove prisioneiros foram levados para o bloco 11, no Bunker da fome. Passaram-se duas semanas e os prisioneiros morriam um após o outro, mas no fim da terceira semana, ainda sobreviviam quatro, entre eles Padre Kolbe.

Para os carrascos, a morte deles estava sendo longa porque a cela (Bunker) era necessária para outras vítimas. Por isso, no dia 14 de agosto de 1941 às 12h50, da Vigília da Assunção de Maria Virgem ao céu, foi conduzido ao bunker, o carrasco Boch, um alemão, diretor da sala dos enfermos. Ele aplica no braço esquerdo de cada um, a injeção venenosa de ácido fênico. Padre Kolbe com a oração entre os lábios estende o braço ao carrasco.

Não podendo resistir aquilo que meus olhos viam, com o pretexto de ter que ir trabalhar, fui para fora. Quando os guardas e o carrasco deixaram o bunker, eu retornei: encontrei Padre Maximiliano Kolbe, sentado e apoiado no muro, com os olhos abertos e a cabeça inclinada: era a sua posição habitual. A sua face era radiante e serena.

Jesus disse: “tudo está cumprido”. Inclinando a cabeça, entrega o espírito. Talvez também Padre Kolbe tenha pronunciado essas palavras, antes de inclinar a cabeça e suspirar. No dia da Assunção da Virgem Maria ao céu, no dia 15 de agosto, o seu corpo foi queimado no forno crematório e suas cinzas foram jogadas ao vento. Em 28 de janeiro de 1942, o certificado de morte de Padre Kolbe foi levado pelo oficial central do campo de concentração ao convento de Niepokalanòw.”

Padroeiro do difícil Século XX
Em 1971 o Papa João Paulo II celebrou a beatificação de São Maximiliano Maria Kolbe e em 1982 o mesmo Papa celebrou sua canonização. Nessa ocasião, João Paulo II deu a ele o título de “Padroeiro do nosso difícil século XX”. Na cerimônia em que Padre Kolbe foi canonizado, Francisco Gajowniczek estava presente e testemunhou a coragem e o amor daquele Padre franciscano que se ofereceu para sofrer e morrer em seu lugar, dando a Francisco a chance de cuidar de sua família.