FRATERNIDADE MENINO DE BELÉM – 1ª VÍDEO REUNIÃO – 26 de Março 2020

NESTE PERÍODO DE ISOLAMENTO SOCIAL NÃO PODEMOS NOS REUNIR FISICAMENTE MAS A TECNOLOGIA NOS AJUDA A CONTINUAR UNIDOS . ASSIM QUE TUDO ISSO PASSAR VOLTAREMOS A NOS ENCONTRAR , AFINAL SER FRANCISCANO SECULAR É VIVER EM FRATERNIDADE!

Ata da reunião da reunião da Fraternidade, realizada nas casas de cada irmão/irmã, às 16,00 horas, do dia 26 de março de 2020, 1ª VÍDEO REUNIÃO, motivada pela quarentena, decorrente da pandemia do COVID 19, Corona Vírus.

Com Deus, em espírito quaresmal, iniciamos com a leitura do Evangelho do Dia, seguido da partilha em comum do Evangelho. Depois fizemos a leitura da “Via-Sacra com Francisco”, com partilha e testemunhos. Em seguida, avisos da Ordem, e oração de encerramento e a benção final.

Continuamos em conversa fraterna e apresentamos nossos parabéns a irmã Ministra, Marilena de Arruda Campos, pela brilhante ideia do uso da tecnologia pela reunião on-line (vídeo reunião). Dessa forma poderemos continuar nossas reuniões semanais.Não havendo nada mais a tratar, encerramos a reunião. E eu, Rosalvo Gonçalves Mota, secretário, lavrei e assino a presente Ata.

São Paulo/SP, 26 de março de 2020.

Rosalvo Gonçalves Mota, OFS Secretário.    

IMPORTÂNCIA ESPIRITUAL DO SANTUÁRIO DE SÃO DAMIÃO

 

UM POUCO DE HISTÓRIA.

Antes de Cristo, Assis já era uma cidade romana. Quando os primeiros cristãos se estabeleceram na cidade já havia, fora da cidade, um santuário dedicado ao deus da saúde. Os assissienses cristãos continuavam a visitar o local em busca de saúde, mas dedicaram-no aos santos Cosme e Damião, conhecidos como irmãos e como médicos.

A história do santuário tem altos e baixos. A alguns momentos de esplendor seguiram-se períodos de abandono e de descaso. Um dos melhores tempos foi o dos monges beneditinos, nos séculos XI e XII. Outro foi o de Santa Clara e suas Irmãs Clarissas, entre 1212 e 1260. Ainda houve outro no século XVI, na mão dos Franciscanos. Depois disso esteve um bom tempo praticamente abandonado, pertencendo a leigos. Só voltou ao esplendor agora nos séculos XIX e XX.

Quando São Francisco entrou pela primeira vez em São Damião, o crucifixo já estava lá. Devia estar, provavelmente, há cerca de 100 anos, desde o tempo dos beneditinos.

São Damião está ligado ao Crucifixo, ao tempo em que Francisco esteve escondido, ao seu trabalho de pedreiro, a Oração diante do Crucifixo, ao Cântico de Frei Sol, a Clara, até a sua morte e de Santa Inês de Assis.

Quando as Clarissas foram transladadas para o proto-mosteiro de Santa Clara, ao lado da antiga igreja de São Jorge, levaram o crucifixo e o guardaram lá dentro do mosteiro. Aí ficou até o século XX, e era praticamente desconhecido. Redescoberto, foi restaurado e apresentado ao público por ocasião do sétimo centenário da morte de Santa Clara (1953).

IMPORTÂNCIA ESPIRITUAL DO SANTUÁRIO

Francisco e Clara.

Não há dúvida de que a experiência de São Damião foi um dos marcos mais importantes da conversão e da espiritualidade de São Francisco. Ainda, podemos dizer que São Damião foi o berço do Franciscanismo.

Depois de uma busca de quase dois anos, sobre o que Deus queria com ele  (“Senhor, que queres que eu faça?) foi aí que ele se surpreendeu com esse Cristo luminoso e fez a primeira oração que conhecemos: “Sumo e glorioso Deus, iluminai as trevas do meu coração. Dai-me uma fé reta, esperança certa, caridade perfeita, bom senso e conhecimento, Senhor, para que eu cumpra o vosso santo e verdadeiro mandamento”.

Vale destacar que a “Oração diante do Crucifixo de São Damião” é a primeira que conhecemos. A última deve ser o “Cântico ao Frei Sol”. Na primeira, ele era jovem e se sentiu escuro no interior. Na última, cego, doente, em fim de vida e em tempo de inverno, sua oração já era toda luz, luz interior.

Foi em São Damião que ele recebeu a missão de “restaurar a Igreja”: “Francisco, vai e restaura minha casa que, como vê, está em ruína (2 Cel 10). E, imediatamente cumpriu a “ordem” do Crucificado, restaurando três igrejas: a de São Damião, São Pedro e a pequena “Porciúncula”.

Esta é, também, a nossa missão. Nós, como seguidores do Evangelho à exemplo de S. Francisco, podemos, também, restaurar três igrejas, que estão em ruínas: o homem, a família e a Igreja institucional.

Restaurar o homem-igreja, templo de Deus, morada do Espírito Santo. Iniciando, com a própria pessoa, a si próprio, pela conversão que, “devido à fragilidade humana, deve ser realizada todos os dias” (R.7).

Segundo, a família, a igreja doméstica. A família, célula “mater” da sociedade. A nossa família, a nossa casa, deve ser o endereço de Deus. Fazer com que nossas famílias revalorizem o amor, fazer de cada casa, a começar com a nossa, o lugar privilegiado de Deus, de oração, de amor.

Terceiro, a Igreja institucional. Fazer com que a nossa igreja seja a nossa comunidade, a reunião das famílias, não um aglomerado de pessoas desconhecidas.

Santa Clara conta que, um dia, quando ele trabalhava em São Damião, sentiu-se todo tomado pelo Espírito Santo, subiu uma parede e começou a cantar em francês. Quando se juntaram os pobres da redondeza, ele pediu ajuda para construir o Mosteiro, onde iriam viver umas mulheres de vida santa, cujo exemplo seria uma luz para toda a Igreja. Verdadeiras “Chamas Vivas” para iluminar e guardar o santo sacrário.

Deus fez se cumprir essa profecia: foi em São Damião que ele acolheu Clara e suas Irmãs, cuidando da sua “plantinha” e trocando muitas experiências de Deus com essa Irmã santa. Daí veio a espiritualidade que, hoje, chamamos “francisclariana”.

O lugar adquire significado religioso a partir da “graça” que Deus derramou sobre Francisco e depois sobre Clara; é a graça que o torna santuário: aqui amadurece a vida evangélica, desenvolve a vida de intimidade com Deus.

Clara formou nesse local um novo estilo de vida religiosa, teve uma experiência profunda do Crucificado, escreveu sua Regra, o Testamento, a Benção e as Cartas.

Francisco deu-lhe a primeira Forma de Vida, para observar com suas Irmãs. Mas ela redigiu de forma definitiva depois de 1250, tendo obtido a aprovação do Papa Inocêncio IV, no 9 de agosto de 1253, quase na véspera de sua morte. Foi a primeira Regra escrita por uma mulher na história da Igreja.

As Cartas de Santa Clara são um dos maiores tesouros. Nelas o pensamento lúcido e profundo de Clara sobre a espiritualidade consegue dar-nos um retrato bem completo de sua interioridade. Ela escreveu porque tinha uma experiência de Deus para comunicar.  Supreendentemente alegre (uma característica franciscana), no meio de uma vida penitente, que pode nos espantar, ela tinha que comunicar o dom que recebera. A “plantinha” de São Francisco, não é uma simples discípula, é mãe da família franciscana.

Os grandes fundamentos de sua espiritualidade, são os mesmos de São Francisco: Jesus pobre e crucificado, os esponsais, sua pobreza, a fraternidade, a contemplação, a penitência equilibrada. Mas ela ainda tem diversos pontos originalíssimos em seu ensino espiritual, principalmente quando fala da contemplação do seu espelho de Jesus Crucificado. As famosas três vias são resumidas num magistral “olhe, considere, contemple”.

A importância espiritual do Santuário não está no Santuário em si, como uma igreja construída. Mas, sim, nos que ali viveram. A importância espiritual está desde a intuição de Francisco para entrar no Santuário, onde encontra o CRISTO CRUCIFICADO, VIVO E RESSUSCITADO, onde rezou: “…, iluminai as trevas do meu coração…” ; está na missão que recebeu do Senhor; está na restauração do Santuário, “ onde iriam viver umas mulheres de vida santa, cujo exemplo seria uma luz para toda a Igreja”; está na vida de São Francisco e de Santa Clara e suas Irmãs; está nos fundamentos de suas espiritualidades, ou seja, na experiência de Deus que tiveram e no legado para toda Família Franciscana.

Concluindo, meus irmãos e irmãs, todo o segredo destes grandes Santos da Igreja é um só: terem sido enamorados de Jesus, e de Jesus Cristo crucificado e ressuscitado!

Fraternalmente,

Rosalvo G. Mota, OFS

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Bibliografia.

– O Crucifixo de São Damião – Centro Franciscano de Espiritualidade – 2003. Frei José Carlos Pedroso, OFM Cap.

– Fontes Clarianas – CEFEPAL 1993. Frei José Carlos Pedroso, OFM Cap.