ENCONTROS MUNDIAIS PELA PAZ
Rosalvo G. Mota, OFS
INTRODUÇÃO
O Iº Encontro Mundial pela Paz foi instituído pelo Papa Paulo VI, em 1 de janeiro de 1968.
Palavras do Papa Paulo VI na Carta Oficial: “Dirigimo-nos a todos os homens de boa vontade, para os exortar a celebrar o « Dia da Paz », em todo o mundo, no primeiro dia do ano civil, 1 de janeiro de 1968. Desejaríamos que depois, cada ano, esta celebração se viesse a repetir, como augúrio e promessa, no início do calendário que mede e traça o caminho da vida humana no tempo que seja a Paz, com o seu justo e benéfico equilíbrio, a dominar o processar-se da história no futuro.”
Ainda: “Não se pode, pois, falar de Paz, legitimamente, quando não são reconhecidos e respeitados os seus sólidos fundamentos: a sinceridade, ou seja, a justiça e o amor, tanto nas relações entre os estados, como no âmbito de cada nação; entre os cidadãos e entre estes e os governantes. Depois, a liberdade dos indivíduos e dos povos, em todas as suas expressões, cívicas, culturais, morais e religiosas; caso contrário, não se terá Paz; ainda mesmo que, porventura, a opressão seja capaz de criar um aspecto exterior de ordem e de legalidade, no fundo haverá um germinar contínuo e insufocável de revoltas e guerras.”
54º ENCONTRO PELA PAZ – PAPA FRANCISCO
Desde então, ocorreram 54º Encontros Mundiais de Orações pela Paz realizados pelos Papas.
Benção, nascimento e encontro – O Papa enfatizou três palavras – bênção, nascimento e encontro -, e salientou o papel da Virgem Maria, no dia em que a Igreja Católica também celebra o 54.º Dia Mundial da Paz, este ano sob o lema “A cultura do cuidado como caminho para a paz”. “Não estamos no mundo para morrer, mas para gerar vida”, disse o Papa, acrescentando: “O primeiro passo para dar vida ao que nos rodeia é amá-la dentro de nós próprios. Sublinhou a importância de “educar o coração para cuidar, para valorizar as pessoas e as coisas”, para que as sociedades cuidem dos outros e do mundo. Considerou que “o mundo está seriamente contaminado por dizer coisas más e por pensar mal dos outros, da sociedade, de si próprios”, e assegurou que “a maldição corrompe, faz tudo degenerar” e que “a bênção regenera, dá força para recomeçar”.
54º Dia Mundial da Paz – Mensagem do Papa Francisco – 1º de janeiro de 2021 – Veja o link abaixo a íntegra da mensagem:
https://crbnacional.org.br/confira-a-mensagem-do-papa-para-o-54o-dia-mundial-da-paz/
DESTAQUES
Dentre os muitos Encontros para a Paz, gostaria de destacar os seguintes:
A Fraternidade entre as religiões, a grande herança de Assis 1986
Em 27 de outubro de 1986, João Paulo II realizou um grande sonho: ele convidou os representantes das religiões do mundo a Assis, para que uma única canção de paz, provenientes de muitos corações e em muitas línguas, pudesse ser enviada ao Deus único. Este convite foi aceito por 70 representantes das principais religiões. Eles ofereceram a esperança de um mundo diferente: renovado, profundamente fraterno e verdadeiramente humano. O evento em si trouxe uma importante mensagem: que o desejo de paz é compartilhado por todas as pessoas de boa vontade.
A foto acima nos mostra um momento do Encontro do João Paulo II com representantes das Igrejas e Comunidades eclesiais cristã e das religiões mundiais, em Assis (Praça inferior da Basílica de Santa Maria dos Anjos, vendo-se a “Porciúncula no plano de fundo).
Outro Encontro que merece destaque, com o Papa Francisco:
800 anos do Encontro de São Francisco e o Sultão Kamil.
O oitavo centenário do histórico encontro entre São Francisco de Assis e o Sultão Al -Kamil, ocorrido em 1219, foi celebrado com diversas iniciativas no Paquistão ao longo de 2019, país onde os cristãos são minoria.
Com uma leitura conjunta de passagens da Bíblia Sagrada e do Alcorão, foi realizada nos dias passados a cerimônia de conclusão das celebrações dos 800 anos do encontro entre São Francisco de Assis e o sultão Al-Kamil, ocorrido em 1219. O oitavo centenário daquele histórico encontro teve grande eco no Paquistão e outros países mulçumanos ao longo de 2019.
Papa Francisco enviou uma Carta ao cardeal Leonardo Sandri, prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, seu enviado especial às celebrações dos 800 anos do encontro entre São Francisco de Assis e o Sultão Al-Malik Al-Kamel, que foram realizadas no Egito de 1º a 3 de março.
São Francisco e o Sultão
Penso que convém recordar, resumidamente, o Encontro de são Francisco e o Sultão.
“O próprio Francisco – recorda o Papa Francisco – junto com seu coirmão, Frei Iluminado, partiu para o Egito em 1219”. Em Damieta, estavam as tropas da Quinta Cruzada, havia um ano, se preparando para um grande ataque aos Sarracenos. Sabendo da batalha, Francisco disse ao frei Iluminado que “o Senhor lhe havia revelado” que os cristãos não iriam se sair bem. Francisco tentou alertar aos Cruzados, mas não foi ouvido. O ataque aconteceu, e o resultado foi trágico: os Sarracenos levaram a melhor, com muitos cristãos mortos e prisioneiros. O Sultão enviou aos Cruzados uma proposta de paz, que foi rejeitada. Foi nessa ocasião que Francisco, com muita insistência diante do Cardeal Pelágio, legado papal e responsável pela Cruzada, entrou no campo inimigo. No acampamento mulçumano, levados diante da presença do Sultão, afirmaram que iam como mensageiros de Deus, para levar a Deus a alma do Sultão. O Sultão, “por alguns dias o ouviu muito atentamente pregar a si e aos seus a fé em Cristo”. Mas, temendo que alguns de seu exército passassem ao exército cristão, pela eficácia da palavra dele, o mandou “com segurança e reverência” de volta ao acampamento cruzado, com o seguinte pedido: “Reza por mim, para que Deus se digne revelar-me a lei e a fé que mais lhe agrada”.
O Papa Francisco conclui a carta, acima citada, abençoando todos os participantes deste “memorável evento” e “todos os promotores do diálogo inter-religioso e da paz”.
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Bibliografia:
– Consulta a Arquivos eletrônicos;
– Pesquisa no “Vatican News”;
– Retiro Espiritual sobre os “800 anos do Encontro de Francisco de Assis com o Sultão Malek-Al-Khamil” (Frei Vitório Mazzuco, OFM).
– Mensagem do Papa Francisco, por ocasião do 54º Dia Mundial de Oração pela Paz.