29º DOMINGO DO TEMPO COMUM – 2020

29º DOMINGO DO TEMPO COMUM – ANO “A”

18/10/2020

Pistas homilético-franciscanas

Leituras: Is 45,1.4-6; Sl 95(96); 1Ts 1,1-5b; Mt 22,15-22

Tema-Mensagem: Deus o único Rei e Senhor universal: a ele, no amor, demos tudo o que somos. 

Sentimento: gratidão e adoração a Deus, na fé, na esperança e no amor.

Moeda de Tibério

Introdução

O Evangelho de hoje se desenvolve em dois momentos bastante tensos. Diante da pergunta maliciosa e traiçoeira dos fariseus, se era permitido ou não pagar o tributo a César, Jesus responde de modo sereno, mas rigoroso: “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.  Ou seja, que tudo devemos devolver a Deus, pois a Ele tudo pertence, exceto nossas injustiças e pecados.

  1. O escândalo de um messias pagão: Deus escreve certo por linhas tortas (Is 45,1.4-6)

A liturgia da palavra de hoje começa com a estranha profecia do segundo Isaias acerca da eminente libertação dos judeus do cativeiro babilônico. Jahvé vai eleger um pagão para ser o salvador de seu Povo: Ciro, o rei dos Persas. Como é possível que um pagão seja eleito para uma missão sagrada e ainda mais para um povo que é de Deus? Parecia um escândalo, pois na tradição judaica, os pagãos eram considerados como “cães”, impuros e inimigos de Deus. Estaria Deus escrevendo certo por linhas tortas? Mas, quem é o homem para exigir que Deus dê razões de seu modo de conduzir a história? Isso não é uma atitude desmedida, uma petulância, uma arrogância?

Lembremos, também, que no Antigo Testamento, ungidos eram não só os sacerdotes e os profetas, mas também os reis. Assim, Ciro, um pagão, será o ungido para ser o “messias” (em grego: christos: ungido) do Povo eleito. Um estrangeiro, escolhido para humilhar as nações e desarmar seus reis. Quer ele o saiba ou não!

Ora, o que está em questão, na história de Israel, é sempre a salvação. Por isso, tudo o que acontece e é narrado o é em vista deste mistério. Esta é sua única lógica. E, se para isto precisa da ajuda de um “infiel”, Ele o faz sem nenhuma cerimônia. Por isso, o Senhor diz a Ciro, por meio do profeta: “É por causa do meu servo Jacó, sim, de Israel, meu eleito, que eu te chamei pelo nome; eu te qualifiquei, sem me conheceres. Sou eu que sou o Senhor, não existe outro, afora eu, ninguém é deus! Eu te cingi, sem me conheceres, a fim de que se reconheça, no levante do sol e no seu poente, que fora de mim: nada!” (Is 45, 4-6). Na verdade, é Iahweh o Único Deus, o Senhor universal. Nem o Imperador é deus, nem o deus supremo de seu povo, Marduk.

Se é assim, então, os israelitas, em vez de pedir contas a Deus da sua ação, deveriam é se alegrar e dar graças a Ele, sejam quais forem os caminhos que Ele escolhe para conduzir os homens à salvação e a salvação aos homens.

Assim, para quem vê com os olhos da fé o que está em filigrana nas páginas do livro da História está latente o sentido profético. Toda libertação remete àquela libertação definitiva, plena e própria, que o Senhor irá operar através do verdadeiro Messias, de que Ciro era apenas uma figura desbotada. Ora, também Jesus, escandalizou os líderes religiosos de Jerusalém por não vir da Judeia, mas da Galileia dos Gentios. Chegaram a exclamar: “Pode, por acaso, vir algo de bom de Nazaré?” Deus é sempre desconcertante para aqueles que seguem os princípios do mundo. Como Ciro escandalizou a alguns judeus exilados por ser um libertador pagão, mais tarde, o Servo pobre, humilde e sofredor também escandalizará a todos por ter trazido a salvação não pelo poder, mas pelo não-poder, pela fraqueza, tendo percorrido o caminho da cruz a fim de redimir todos os homens de seus pecados e curar suas enfermidades com suas feridas.

É seguindo este caminho que Ele irá instaurar o verdadeiro reino universal de Deus, evocado e celebrado pelo salmo responsorial de hoje (95/96): “dizei entre as nações: ‘O Senhor é rei’, governa com equidade”. Para o crente, com efeito, o verdadeiro Reino, universal e absoluto, é o de Deus. O Senhor é o soberano universal. Todos os reinos humanos e seus soberanos, saibam ou não, queiram ou não, atuam numa história, que, em última instância, é história de salvação porque é história sagrada. O crente pode não entender, muitas vezes, os envios de Deus, pois em sua limitação ele não é capaz de abranger com o seu olhar todo o livro da História. Foi para aprender a ler o livro da História na perspectiva da libertação que lhe foi dada a Sagrada Escritura.

 

  1. Os cristãos – ungidos no Ungido – são sinais de salvação no mundo a partir da fé, esperança e caridade (1Ts 1,1-5b)

A segunda leitura traz o início da carta de Paulo aos cristãos de Tessalônica, capital da Macedônia, onde a comunidade, formada na maioria por gentios, era florescente. Paulo começa expressando sua alegria e gratidão. O verbo principal do texto é “eucharistéo”: agradecer, dar graças. “Damos continuamente graças a Deus por todos vós, quando fazemos menção a vós em nossas orações; sem cessar, conservamos a lembrança da vossa fé ativa, do vosso amor sacrificado e de vossa perseverante esperança…” Estas três virtudes formam o fundamento da vida do cristão com Deus e com os homens, no meio da história, das suas peripécias e vicissitudes, tantas vezes cheias de tribulações e perseguições: fé, esperança e caridade (cf. Cor 13).

Paulo fala, literalmente, da fé, da esperança e do amor “de nosso Senhor Jesus Cristo” (tou kyríou hemon Iesou Christou). Aqui temos um genitivo subjetivo. Isso quer dizer: a fé, a esperança e o amor que os cristãos têm em Cristo, provêm do mesmo Cristo. Ele é o fundamento (subiectum) e a fonte da fé, da esperança e do amor dos cristãos e não só o destinatário destas três virtudes. Por isso, são chamadas de virtudes teologais, isto é, vigores, forças de Deus. É neste sentido que os cristãos são ungidos em Jesus Cristo – o ungido do Pai – para serem, Nele, com Ele e por Ele, reis, sacerdotes e profetas, portadores de fé, esperança e amor. É assim que se inserem na vocação de povo eleito. Paulo dá à fé, à esperança e ao amor, qualificativos importantes: que a fé seja operosa (rica em boas obras); que a esperança seja paciente e perseverante; que o amor seja oferente. Pois, uma fé que não se confirma com as obras é morta; uma esperança que não suporta a demora e não persevera desfalece como esperança; um amor que não é oferente, que não se consuma na doação de si, como o amor de Jesus na Cruz, é apenas uma emoção simpática ou um sentimento sem profundidade.

Os cristãos são chamados a serem, assim, “Cristos” de Deus, no meio do mundo. “Cristos” no Cristo: ungidos no Ungido. “Cristos” redivivos, como o foi São Francisco de Assis, por exemplo. Só assim a evangelização acontece “em total plenitude”.

 

  1. César ou Deus: a divinização do poder ou a sacralidade do amor? (Mt 22,15-22)

O texto do Evangelho de hoje faz parte do contexto do confronto final de Jesus com os dirigentes judaicos, cujo desfecho será sua crucifixão, “sob Pôncio Pilatos”, representante do poder do Império Romano e do mundo.

  • Os hipócritas e sua pergunta maldosa

Na origem deste confronto, porém, está o fechamento, a raiva dos judeus diante do advento do reino de Deus em Jesus, posto em evidência nas três últimas parábolas que precedem imediatamente o evangelho de hoje: os filhos teimosos (Mt 21,28-32), os vinhateiros homicidas (Mt 21,33-43) e os convidados descorteses (Cf. 22,1-14).

Neste contexto, Mateus vai apresentar três controvérsias entre Jesus e os fariseus (Cf. Mt 22,15-22.23-33.34-40). O escopo deles é surpreender Jesus; ter argumentos para levá-lo ao tribunal romano. A armadilha gira em torno do pagamento do tributo a César, considerado pelos revoltosos com a dominação romana um sinal infamante da sujeição do povo eleito de Deus a Roma, a capital do Império e dos deuses pagãos.

Um dos símbolos desta infâmia era a moeda com a qual o judeu tinha de efetuar seu tributo. Num dos lados havia a imagem de César com a inscrição: “Tiberius Caesar, Divi Augusti Filius Augustus” (Tibério César, Santo Filho do Deus Augusto” e do outro “Pontifex Maximus” (Sumo Sacerdote). O título “César” era nome de família da “gens” Júlia, da qual Caio Júlio César foi o membro proeminente (assassinado em 44 a.C.). Depois passou a ser título dos imperadores romanos. Desde 27 a. C. o imperador romano Otaviano recebeu o título de “Augustus”, isto é: majestoso, venerável; mas também santo, sagrado. O título expressava, assim, a sacralização do poder (império) e a divinização do imperador. Este era considerado “Pontifex” – pontífice – isto é, que faz a ponte entre o humano e o divino. A “religio” (religião) romana era sobretudo o poder. Sua teologia mais fiel é a política[1]. Pagar imposto a César teria assim um sentido de homenagem religiosa ao seu pontificado! Assim, nessa moeda havia algo de uma blasfêmia: a figura de um homem – o imperador Tibério César “Augusto” – arrogando-se o direito de ser deus, e Sumo Pontífice – elo entre o humano e o divino. Não tinham, pois, os hipócritas fariseus um elemento mais propício para envolver Jesus numa emboscada.

 Os chefes dos fariseus, porém, são triplamente hipócritas. Primeiro, porque se esquivam de enfrentar direta e pessoalmente Jesus. Mandam emissários. Segundo, porque a pergunta que lhe fizeram não era apenas um dilema, mas também uma cilada. Se Jesus dissesse sim, pareceria se sujeitar ao sacrílego poder romano e, aos olhos dos revoltosos, estaria compactuando com um sistema injusto e pagão. Se dissesse não, pareceria se alinhar com os revoltosos, e poderia, assim, como inimigo de César, ser entregue ao poder romano para ser crucificado. Uma armadilha muito bem tramada. Terceiro, se Jesus é realmente “mestre verdadeiro”, como dizem, porque não lhe dão crédito nem acolhem suas palavras e milagres?

 

  • Jesus não se deixa enredar nas perguntas dos conflitos humanos – sua resposta não é solução destes, mas redenção: aponta para a unidade com o Pai, único Rei, digno de adoração.

Diante de todo aquele embaraço, Jesus continua sereno, claro, mas rigoroso e firme. Comentando esse dito evangélico, assim se expressa Bonhoeffer:

Jesus não se ocupa minimamente da solução de problemas mundanos […]. A sua palavra não é uma resposta a questões e problemas humanos, mas sim a resposta divina à pergunta divina dirigida aos homens. A sua palavra é essencialmente uma palavra não de baixo, mas do alto, não solução, mas redenção. Essa não surge da divisão que caracteriza a problemática humana do bem e do mal, mas da plena unidade de Filho com a vontade do Pai. Ele está além de qualquer problemática humana. É esta a primeira coisa que devemos compreender. Antes que a solução de problemas, Jesus traz a redenção do homem, e por isso traz também realmente a solução de todos os problemas humanos – “todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” –  só que o faz desde um ponto de vista totalmente diverso (Bonhoeffer, D. Ética, p. 197).

 

Este “ponto de vista” é o do Alto, o do escândalo da loucura e da fraqueza de Deus: a Cruz. Ele escolhe o não-poder, como o declara a Pôncio Pilatos: “Meu reino não é deste mundo”. Isto é: o seu reino não é do poder; é da autoridade do não-poder. Não conhece outra potência que a do amor. Isso é o que redime o homem, o que desarma os conflitos e revoga as divisões, o que reconduz à unidade. Sua sabedoria não é a astúcia do poder, mas a loucura da cruz. Pedir razões da “loucura da Cruz” apenas denuncia a nossa loucura. Sua potência não é a força do poder e o poder da força, mas a fraqueza da cruz. Exigir que Deus solucione os problemas humanos pelas vias do poder é querer submetê-lo aos nossos critérios de julgamento e suas maquinações. Isso apenas denuncia a nossa presunção. A universalidade cristã não é a universalidade do Império. “O sentido, pois, da consciência de universalidade da fé cristã é a perda de toda consciência do poder; é a obediência à pobreza de uma universalidade con-creta; é a liberdade de deixar o Mistério ser Mistério, para vir a ser um instrumento de sua paz: “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz” (Emmanuel Carneiro Leão).

  • Resposta que mais interroga do que responde

A resposta de Jesus, portanto, não é a solução e nem mesmo resposta. Ela é uma outra interpelação e uma outra provocação. Não é uma defesa. É um ataque. Ela aponta para outra dimensão. Por isso, ela é indireta. Jesus pede que lhe tragam a moeda do tributo e lhes pergunta: “De quem são esta efígie e esta inscrição? ” Eles respondem: “De César”. Então ele lhes replica: “Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus, o que é de Deus”. O que quer dizer esta interpelação?

[…] o que é mais importante é que o homem reconheça a Deus como o seu único senhor. As moedas romanas têm a imagem de César: que sejam dadas a César. O homem, no entanto, não tem inscrita em si próprio a imagem de César, mas sim a imagem de Deus (Cf. Gn 1,26-27: “Deus disse: ‘façamos o homem à nossa imagem, à nossa semelhança’… Deus criou o ser humano à sua imagem, criou-o à imagem de Deus”): portanto, o homem pertence somente a Deus, deve entregar-se a Deus e reconhecê-l’O como o seu único senhor.

Jesus vai muito além da questão que Lhe puseram… Recusa-Se a entrar num debate de carácter político e coloca a questão a um nível mais profundo e mais exigente. Na abordagem de Jesus, a questão deixa de ser uma simples discussão acerca do pagamento ou do não pagamento de um imposto, para se tornar um apelo a que o homem reconheça Deus como o seu senhor e realize a sua vocação essencial de entrega a Deus (Cf.: http://www.dehonianos.org/portal/29o-domingo-do-tempo-comum-ano-a0/ (01.10.2017).

 

Comentando o dito evangélico de hoje, diz Pagola: “Jesus não diz que uma metade da vida, a material e econômica, pertence à esfera de César e a espiritual e religiosa, à esfera de Deus. Sua mensagem é outra: se entrarmos no reino não devemos permitir que nenhum César sacrifique o que só pertence a Deus: os famintos do mundo, os subsaarianos abandonados que chegam nas pateras, os “sem documentos” de nossas cidades. Que nenhum César conte conosco.” (Pagola, O Caminho aberto por Jesus – Mateus, 2013, p. 272).   

 

  • A imagem do crucificado

Os fariseus perguntam pelos direitos e pela imagem de César, Jesus responde com os direitos e com a imagem do Pai, a Cruz. “Dar a Deus o que é de Deus”, o oposto de “dar a César o que é de César”, nada tem de obediência servil, mas puro exercício da dignidade, da soberania, da liberdade dos filhos de Deus. Acima deste homem só está Deus. Ele não é escravo de nada, de nenhum bem e de nenhum mal. César, isto é: todo o poder humano e seu império está sob seus pés. Pensemos nos mártires de Roma. Em Perpétua, em Felicidade. Mulheres frágeis, inclusive escravas, se mostravam soberanas diante dos seus algozes imperiais, um espetáculo que atraiu muitos ao cristianismo e enfureceu o Império Romano. Os cristãos, por isso, se tornaram o “odium generi humani” (o ódio, a vergonha do gênero humano).

No entanto, a Igreja de Roma dos mártires corre, sempre, o risco de se deixar levar pela lógica do Império Romano… A universalidade (catolicidade) do amor pode ser afugentada pelo universalismo do poder. Então, o “romano” do catolicismo pode deixar de ser o “romano” da Igreja dos Mártires e passa a ser o “romano” do Império. O aparecimento de um Francisco de Assis, de uma Teresa e Calcutá, talvez recorde aos cristãos seduzidos pelo espírito de César algo da liberdade dos filhos de Deus…

São Jerônimo, comentando a perícope do evangelho de hoje diz: “a sabedoria sempre opera de uma maneira sábia e confunde com frequência os tentadores, por meio de sua palavra… Os que deveriam crer em tão admirável sabedoria, se assombraram ao ver que seus propósitos de ameaça dissimulada não tinham tido sucesso. Por isso, segue: ‘e quando ouviram isso, se maravilharam, e deixando-o, se retiraram’, levando consigo sua infidelidade e sua admiração”. A liturgia deixa fora (infelizmente) esta última frase da perícope do Evangelho de hoje.

Conclusão

Segundo São Francisco, o dito de Jesus – “dar a César…” – significa viver “sem nada de próprio, não retendo nada para si”. Vivendo assim, jamais romperemos os laços que nos unem às criaturas, aos irmãos e a Deus (Cf. Ad 11). Isto significa: ser irmão menor e servo de todas as criaturas e filho agradecido, obediente, e fiel a Deus Pai. E, falando aos “dirigentes dos povos”, roga-lhes que “jamais esqueçam o Senhor” porque todos aqueles que O esquecem e se afastam de seus mandamentos acabam mal e serão esquecidos e abandonados por Ele. Chega a pedir-lhes que, “através de um pregoeiro ou por outro sinal, todo o povo, todos os dias, rendesse louvores e graças ao Senhor Deus onipotente” (Ct Dir).

O Papa Francisco, meditando o evangelho do centurião romano que se dirigiu a Jesus pedindo-lhe a cura de um escravo doente, fez o seguinte comentário: “aquele governante sentiu a necessidade da oração porque intuía que não era o senhor de tudo, não era a última instância. Quem governa deve ter a consciência da subalternidade, que existe um outro que tem mais poder que ele, o povo que lhe deu o poder e Deus” (Meditação matutina de 17 de setembro de 2017).

 

Fraternalmente,

Marcos Aurélio Fernandes e Frei Dorvalino Fassini, ofm

[1] A religio (religião) romana apresenta o caráter de uma ligação ou religação (no sentido de religare: religar) pública e “jurídica” entre o humano e o divino. Ou então se apresenta no sentido de um relegere, ou seja, de um repassar minucioso do pensamento em relação ao cumprimento das obrigações. Daí o sentido de religio como cuidado minucioso, escrupuloso, no cumprimento do dever, na lealdade a uma obrigação. Religiose (advérbio) se traduz, assim, por “religiosamente”, com o significado que aparece ainda hoje, como quando se diz “pagar impostos religiosamente”, isto é, escrupulosamente.