Neste ultimo dia 11 de maio , agora nestes tempos, de maneira virtual aconteceu em clima de fraterna união a reunião mensal do Conselho da nossa Ordem Terceira de Piracicaba! Foram 8 participantes, inclusive nosso Assistente, Frei Caetano que nos falou da importância do serviço dando, como exemplo, a gatinha que ajudou Santa Clara enferma, ao levar o paninho até sua cama conforme escrito em seu processo de Canonização . Resolvemos assuntos pertinentes à nossa Fraternidade e encerramos com a benção dada por Frei Caetano.
“Processo de canonização de Santa Clara
9a. Testemunha
8 A testemunha disse também que uma vez dona Clara não conseguia levantar-se da cama por estar doente. Pediu que lhe levassem uma certa toalhinha, mas, não havendo quem a levasse, uma gatinha que havia no mosteiro começou a puxar e arrastar para levá-la como podia. Então a senhora disse: “Bobinha, você não sabe carregar, por que a está arrastando no chão?’
Então a gata, como se tivesse entendido, pôs-se a enrolar a toalha para que não encostasse no chão.” Texto usado por Frei Caetano na reunião acima citado.
SANTA CLARA E A GATA
O que significa a Gata de Clara? Que a vida não é apenas antropocêntrica. Que abraçamos a Comunidade de Vida, que é o nome mais correto para meio ambiente, na sua totalidade. Se os mais frágeis dos seres não são cuidados e amados em seu micromundo, como cuidar da espécie humana nas suas macroposturas de interesse? Quem marca em ferro e brasa o gado, quem sacrifica bichinhos em testes de laboratórios, quem manipula quimicamente e geneticamente as aves nas supergranjas e aviários de grife, e não respeita e convive de modo sensível com todos os seres, um dia vai pisar sem compaixão na espécie humana entre torturas e assassinatos, condenação à morte, arminhas e ironia à pandemia.
A Gata de Clara é para nós é um modo de interagir, partilhar e conviver. Diz Frater Henrique Cristiano: “Toda forma de vida, por mais simples que seja, merece nosso respeito e nossa proteção. Assim, humanos e animais possuem ambos o dom singular de serem vivos. ‘Não são ‘coisas vivas’, a exemplo de alfaces e maçãs, são ‘seres vivos’, o que quer dizer, a vida que vivem tem sustentação em seu próprio movimento; para isso dispõem de funções cerebrais fundamentais, através das quais sua mente se forma e lhes permite garantir a atividade de autoprovimento, a satisfação e o cuidado dos seus” (Henrique Cristiano José Matos, Ecologia e Animais-Ensaio a partir de uma indignação ética, Editora O Lutador, Belo Horizonte, 2015, p. 113).
Tenho muitos amigos e amigas que possuem seus animais de estimação e estabelecem com eles uma relação amorosa e filial; e precisamente estes amigos e amigas realizam um trabalho enorme para a humanidade. Aprenderam que na subjetividade de um amor tão particular encontram também forças para um amor social, fecundo em cuidado solidário. São pessoas de uma ternura incrível, incapazes de gestos rudes e agressividade nas palavras. Para homenagear a todos e todas, queria colocar aqui a minha amiga Miria Uliano, Coach &Trainer, Meditação Mindfulness Vital, Personal Trainer, Consteladora Familiar, que cuida de pessoas. Mas quando volta para casa ali se refaz nos cuidados e convivência com seu gato e suas gatinhas, Mimi, Cenourinha e Milú, que arrastam e enrolam suas coisas e preenchem seu espaço de encantamento, companheirismo, num ronronar de silêncios, sons e sinais de um amor verdadeiro. No chão de nossos espaços, os pequenos animais nos tiram do chão. E como Clara podemos dizer: “Bobinhas e bobinhos, por que estão arrastando? Ah! Sim! Quem não sabe carregar, arrasta. Quem não consegue arrastar, senta em cima de um modo sereno e feliz, mas não larga!”.
FREI VITORIO MAZZUCO
