Proposta de Ambientação para o local do encontro
Colocar algumas palavras em letras garrafais no chão do espaço a ser utilizado (OFS, MEMBROS, COMUNHÃO, JUFRA, FAMÍLIA, IRMÃOS FALECIDOS, ARTIGO 24, FAMÍLIA FRANCISCANA, PRESENÇA DE TODOS, PRESENÇA ATIVA, PAPA FRANCISCO, TODOS, CADA UM). Colocar imagens
de pessoas se abraçando, de mãos dadas. As palavras e imagens podem ser impressas ou ainda feitas de palitos ou outros materiais. Colocar plantas para deixar o ambiente bem verde e agradável. Usar a criatividade.
Pode-se acolher aos irmãos com um abraço e ao som do refrão “Oh, que prazer que alegria o nosso encontro de irmãos”.
1. Canto inicial
Colocar em algum equipamento de som ou cantar juntos a música “os cristãos tinham tudo em comum”
Link (youtube): https://www.youtube.com/watch?v=8lc7DGuOBP8&list=RD8lc7DGuOBP8&start_radio=1
Letra: D. Carlos Alberto Navarro | Música: Waldeci Farias
Os cristãos tinham tudo em comum: dividiam seus bens com alegria. Deus espera que os dons de cada um, se repartam com amor no dia a dia Deus espera que os dons de cada um, se repartam com amor no dia a dia.
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Deus criou este mundo para todos. Quem tem mais é chamado a repartir com os outros o pão, a instrução e o progresso. Fazer o irmão sorrir.
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Mas, acima de alguém que tem riquezas, está o homem que cresce em seu valor. E, liberto, caminha
par Deus, repartindo com todos o amor.
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No desejo de sempre repartirmos nossos bens, elevemos nossa voz, ao trazer pão e vinho para o altar, em que Deus vai Se dar a todos nós.
2. Oração inicial
Recordando Santa Irmã Dulce dos Pobres, exemplo de franciscana, de comunhão, rezemos…
Oração à Irmã Dulce
Senhor nosso Deus, lembrados de vossa filha, a santa Dulce dos Pobres, cujo coração ardia de amor por vós e pelos irmãos, particularmente os pobres e excluídos, nós vos pedimos: dai-nos idêntico amor pelos necessitados; renovai nossa fé e nossa esperança e concedei-nos, a exemplo desta vossa filha, viver como irmãos, buscando diariamente a santidade, para sermos autênticos discípulos missionários de vosso filho Jesus. Amém.
3. Leitura do Artigo
Artigo 24 da Regra e Vida da Ordem Franciscana Secular
“Para fomentar a comunhão entre os membros, o Conselho organize reuniões periódicas e encontros frequentes, inclusive com outros grupos franciscanos, especialmente de jovens, adotando os meios mais apropriados para um crescimento na vida franciscana e eclesial, estimulando cada um à vida de fraternidade. Uma tal comunhão prossegue com os irmãos falecidos mediante o oferecimento de sufrágios por suas almas”.
4. Aprofundando o tema
No texto inicial escrito por Marúcia Conte, na época Coordenadora Nacional de Formação da OFS do Brasil, para a motivação e desenvolvimento do estudo de cada artigo da regra, nossa irmã nos recordava a
origem e reconhecimento histórico da mesma – Regra e Vida – que nos fazem ficar “exultantes”, ao mesmo tempo que nos recordava que “se a nós foi entregue para ser lida, meditada, refletida, colocada na concretude da nossa realidade humana, precisamos, como resposta de gratidão e reconhecimento da Paz e do Bem que dela advém, produzir frutos de fraternidade”.
A Regra, portanto, é um documento importantíssimo em nossa vida, e o espírito do que ali está escrito nos é sagrado e nos é revelado na fonte e em suas atualizações, nos estudos, nas leituras, nos “milagres” da vida em fraternidade, nas interpretações comunitárias, nos sinais dos tempos e dos pobres. Foi-nos dada para que possamos resgatar o espírito que nos leva a ação, a aplicação no dia a dia, seja na instituição, seja nas fraternidades nos diversos níveis, quanto na vida individual do franciscano secular e toda integralidade dessas ações.
Para nós, jovens intérpretes deste artigo, com toda humildade e olhar amoroso, nos chamam atenção a iniciativa de “fomentar a comunhão”. Comunhão – certamente uma palavra que fortemente nos faz memória a Deus Criador e fonte da Vida, da coexistência, da casa que nos é comum e da comunidade, como também nos recorda o Evangelho, portanto, o próprio Jesus, que também é Deus e o Espírito que completa a comunhão.
No livro “Ato dos Apóstolos” o significado dessa palavra é fortemente recordado e anunciado. Em certa passagem há o relato: “e da multidão dos que creram, um só era o sentimento e a maneira de pensar. Ninguém considerava exclusivamente seu os bens que possuía, mas todos compartilhavam tudo entre si” (Ato dos Apóstolos, 4:32).
A Comunhão-Hóstia que comungamos nos recorda – e É – o próprio Jesus, comunhão que nos interpela a ter tudo mais em comum. Ele inclusive era reconhecido “pela fração do pão”. E nós?
Na história da humanidade, o ter “tudo em comum” está na base de princípios filosóficos e religiosos, frente de organização da sociedade civil e, no caso da nossa fé, profundamente ligado a pessoa de Jesus Cristo pois não era somente “a palavra” em comum, mas tudo. E isso foi/é alvo de muita reflexão. Poderíamos fazer aqui um mergulho nas diversas concepções inclusive teológicas que durante o tempo distanciaram o princípio do espírito e do corpo, mas aqui compreenderemos corpo e espírito em comunhão, o todo que nos lembra a integralidade, das necessidades emergências espirituais e materiais do nosso tempo, os separando nos termos somente para melhor apresentarmos as faces da realidade.
Recentemente foram noticiados dados internacionais sobre a desigualdade no mundo. O Brasil caiu 23 posições na avaliação do IDH (Índice de desenvolvimento humano) quando o valor é ajustado à desigualdade, ou seja, quando se leva em consideração as distorções em saúde, educação e renda. Outrossim, é a elevação dos “ricos, obscenamente ricos” e “pobres absurdamente pobres”, constatação clara de contradição entre a ideia de partilha, e de partilha justa.
A ira sagrada diante da realidade nos apresenta um grande desafio que perpassa o humano cristão, o humano franciscano: um olhar atualizado sobre as necessidades mais emergenciais de comunhão em nosso tempo e a busca por comunhão. Para isso não nos restam apontamentos e luzes, por exemplo, nos últimos documentos da Igreja e encíclicas papais. Comunhão entra as religiões, entre ciência e religião, entre as famílias, entre toda a Criação.
E nossa Regra e Vida não nos apontam luzes?
Sim. A regra da OFS, artigo 24 nos convida a comunhão entre os membros, o que se dá também a medida que proporcionamos o espaço em comum. As reuniões, portanto, são locais propícios para realizar a partilha da palavra, fomentar a memória e sonhar novas realidades.
“A fraternidade deve oferecer a seus membros ocasiões de encontros e de colaboração em reuniões a se realizarem com a maior frequência permitida pelas situações ambientais e com o envolvimento de todos”, pois, ainda segundo o artigo, “a inserção em uma fraternidade local e a participação na vida da fraternidade é essencial para a pertença à OFS” (Art.53, CCGG).
O desmembramento deste artigo, em sintonia com o Artigo 24 da regra, o deixa ainda mais rico de detalhes que permeiam a espiritualidade quando nos cobra real atenção aos que “estejam impedidos de participar ativamente da vida comunitária”, seja por motivos válidos “de saúde, de família, de trabalho ou de distância”, na perceptível atenção, por um lado, a concretude da presença de todos, e por outro, como mencionado no parágrafo anterior, a efetiva participação de cada membro.
Como que em uma construção familiar, devemos estar atentos “aos grupos franciscanos”, bebermos da espiritualidade daqueles que também seguem e buscam viver a espiritualidade franciscana, para que juntos possamos construir o “Ser Franciscano” em nosso tempo e espaço.
Trazendo a realidade atual, podemos anunciar como espaço propício de encontros e reuniões os que
são desenvolvidos pela Conferência da Família Franciscana, seja em nível nacional, regional e núcleos, no fomentar e resgate inicial do sentimento de comunidade e fraternidade, à exemplo das primeiras comunidades cristãs e experiência de fraternidade vivido entre Francisco, Clara e os primeiros companheiros.
É belo e curioso ainda como a Regra e as Constituição Gerais atentam ao entrosamento com as juventudes, o artigo 56 da CCGG, por exemplo, recorda a OFS que “por força de sua própria vocação, deve estar disposta a comunicar a sua experiência de vida evangélica aos jovens que se sentem atraídos por São Francisco de Assis e procurar os modos adequados para apresentá-la” e continua atentando “a Juventude Franciscana (JUFRA), como é entendida nestas constituições e pela qual a OFS se considera particularmente responsável”. É bem verdade e não restam dúvidas que no chão do Brasil, nas últimas décadas, a JUFRA tem sido fruto e semente de um belo processo de renovação da OFS. Renovação nos aspectos mais profundos, em um constante crescimento mútuo e fraterno, o que não anula dificuldade. E ainda neste sentido, no respeito as diversas expressões de Juventudes, sentimento e testemunho da própria JUFRA, encontra-se a necessidade do olhar atencioso a esse “universo” de realidades, particulares atenções e necessidade de protagonismo. Despertando a OFS para acolher às Juventudes em suas formas, estando particularmente aberta aos jovens sedentos de viver a espiritualidade franciscana, seja no encaminhamento à JUFRA, tendo-a como espaço profundamente possível quando nos curvamos ao seu conhecimento, seja no ingresso possível diretamente à OFS, seja ainda no acompanhamento às realidades de juventude de sua comunidade.
Mas, o franciscano vai além… tendo a irmã morte lugar especial no cântico das criaturas, na filosofia de vida de Francisco, a comunhão nos deve ser inclusive com os nossos irmãos e irmãs falecidos, através da memória, do respeito. Expandido o ser cristão, o ser humano para além dos limites conhecidos, mas mergulhando na mensagem da ecologia integral, da vida eterna, do Cristo cosmológico.
Acreditamos que na busca por viver laços fraternos sem limites quaisquer com toda criação, a regra vai ao longo do seu “corpo místico e espiritual”, na fonte, suas atualizações e na consonância com as constituições “desenhando” uma busca por viver a fraternidade pelo encontro com o irmão de fraternidade, que se expande aos irmãos das demais ordens, à JUFRA, à Família Franciscana e à toda comunidade, no olhar atento as fragilidades, aos necessitados de “mais ligeira” atenção, com o ouvido atento ao “grito dos pobres e da Terra” (Papa Francisco).
Por fim, nós que escrevemos essa reflexão nos colocamos como testemunhas do quanto essa aproximação fecunda nos gerou e gera vida fraterna, expansão, fim das fronteiras no alcance sempre utópico e feliz de viver a fraternidade universal.
5. Refletindo o tema
(Pode-se dividir a fraternidade em grupos para realizarem as leituras e responderem as perguntas. Inicialmente entre si e após com o coletivo).
GRUPO 1 – leitura (Fontes Franciscanas, Tomas de Celano, Vida I 38 e 39).
– Quais características encontradas nos frades da Ordem revelavam viver em comunhão?
GRUPO 2 – Ato dos Apóstolos 2, 42-47. Em uma música muito conhecida na Igreja se fala: “comungar é torna-se um perigo”. Era perigo naquele tempo? E hoje? Se sim, por que?
GRUPO 3- Temos dificuldades em formar e viver em comunidade? Por que? Em nossa comunidade, com quem e quais grupos temos dificuldade de viver em comunhão e por que? Como superar os desafios, formar e viver a comunidade? O que significa viver em comunidade?
GRUPO 4- O Papa convocou para 2020 um encontro para discutir a Economia, pois segundo ele, “essa economia mata! ”. Como vemos a forma que nos relacionamos com o dinheiro e os recursos naturais? Esta relação afeta negativamente a vida em fraternidade e o sentimento de comunidade? Como? Como podemos contribuir para essa nova forma de economia? Qual é essa nova forma “de gerir a casa” e ter-se tudo em comum?
GRUPO 5- Reflexão sobre uma realidade observada. Em diversos locais do país, religiosos/as, irmãos e irmãs tem buscado trabalhar com juventudes. A JUFRA em particular tem uma forte e histórica ligação com
a OFS. Como os membros da OFS se relacionam com os jovens da JUFRA? Tem em sua cidade? Por que não buscam formar uma fraternidade? O que realmente levam alguns ramos da família a não abraçar a JUFRA? O que é preciso? Quais os maiores exemplos que conhecemos dessa relação? O que são? Onde estão?
6. Gesto concreto
(Cada um levará para casa um pequeno pedaço de papel com algumas dicas para melhor vivermos em comunhão. Deve-se imprimir e colocar escondido nas cadeiras dos participantes durante o encontro ou criar uma forma de distribuir. Cada um deve tentar vivenciar o que está escrito e partilhar com todos na outra semana. É COMPROMISSO).
Gestos concretos que podem fazer a diferença:
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Escrever mensagens positivos para seus familiares e realizar uma surpresa, colocando-as nos quartos e etc., promovendo o sentimento agradável de viver em comunidade;
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Conversar com o/a Ministro/a e solicitar que em alguma oportunidade, possa convidar um outro movimento da igreja ou da sociedade civil para um dia de conversa, lazer e partilha;
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Partilhar algo (alimentos, roupas, mensagens…) com seu/sua vizinho/a.
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7. Oração final
Senhor, te peço pela minha fraternidade: Para que nos conheçamos sempre melhor em nossas aspirações, / nos compreendamos mais em nossas limitações. Para que cada um de nós/ sinta e viva as necessidades dos outros. Para que nossas discussões não nos dividam, / mas nos unam em busca da verdade e do bem. Para que cada um de nós, / ao construir a própria vida, / não impeça ao outro de viver a sua. Para que nossas diferenças/ não excluam a ninguém da comunidade, / mas nos levem a buscar a riqueza da unidade. Para que olhemos para cada um, Senhor, / com os teus olhos/ e nos amemos com o teu coração. Para que nossa fraternidade não se feche em si mesma, / mas seja disponível, aberta/ sensível aos desejos dos outros. Para que no fim de todos os caminhos, / além de todas as buscas, / no final de cada discussão, / e depois de cada encontro, / nunca haja “vencidos”, / mas sempre “irmãos”. E estará começando o caminho que termina no céu. Amém.
Autores: Washington Lima dos Santos, OFS/JUFRA (Sec. Fraterno Nacional da JUFRA no triênio 2016-2019); Juliana Caroline Gonçalves de Almeida, OFS (Sec. Nacional de Formação da JUFRA triênio 2016-2019)