“Chegou o tempo de a criança nascer. Então Maria deu à luz o seu
primogênito. Enrolou o menino em panos e o deitou numa
manjedoura, pois não tinha lugar para eles na hospedaria” (Lc 2, 6 – 7)
Brasília, 08 de dezembro de 2019
Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Maria
Irmãs e Irmãos,
O Senhor conceda-lhes a paz!
Mais uma vez celebramos o Natal. Festa da alegria e do encontro é, também, um
convite para refletirmos sobre a humildade, a pobreza e o despojamento que o Filho de Deus escolheu para si mesmo na Encarnação. Segundo Tomaz de Celano, São Francisco carregava consigo o desejo e propósito de seguir a doutrina e imitar e seguir os passos de Jesus “[…] com vigilância, com todo o empenho, com todo o desejo da mente e com todo o fervor do coração. Principalmente a humildade da encarnação e a caridade da paixão de tal modo ocupavam a sua memória que mal queria pensar outra coisa” (1Cel XXX, 84, 2 – 3).
Recordar e cultivar a Celebração do Natal é um gesto cristão, peculiarmente, franciscano. Como assinala Celano, ao celebrar o Natal em Greccio, São Francisco planejou tudo com muito cuidado e disse: “[…] quero celebrar a memória daquele menino que nasceu em Belém e ver de algum modo com os olhos corporais os apuros e necessidades da infância dele, como foi reclinado no presépio e como, estando presentes o boi e o burro, foi colocado sobre o feno” (1Cel XXX, 84, 1 – 9).
O Salvador, que fez-se um de nós, deitado na manjedoura ou no colo de Maria,
mostra-nos o caminho que pode levar a um futuro de paz e justiça: o caminho do diálogo, da acolhida e da abertura recíproca. O Natal para nós é um convite para contemplarmos o mistério de Deus a partir da manjedoura e, também, um apelo para abrirmos nosso coração para reconhecer e acolher todos aqueles que cruzam nossos caminhos, principalmente os mais necessitados. No Presépio, contemplamos o mistério de Deus que revela-nos seu amor incondicional e aberto a toda a humanidade, ensinando-nos a importância de reconhecê-Lo, amá-Lo e servi-Lo nos irmãos e irmãs, em especial, os mais necessitados (cf. Mt.25, 31- 45).
Que a Sua espera preencha nossos corações e que neste Novo tempo que se aproxima, 2020, tenhamos olhos atentos para percebermos que Deus não está acima de todos, mas está vivo e presente entre nós (Mt 28, 20) e que seu Reino é de paz e justiça. Não podemos ser indiferentes à dor de nossos irmãos e irmãs, próximos ou distantes de nós. A vida está clamando e o lugar dos franciscanos e franciscanas é onde ela clama. Estejamos, irmãs e irmãos, atentos ao grito do povo de Deus: sem pão, sem teto, sem emprego… no campo ou na cidade, em nosso país ou fora dele, todos, tendo a esperança roubada pelas falsas promessas de políticos inescrupulosos, políticas públicas cada vez mais fragilizadas, dentre tantos outros sinais de morte, ao lado da exploração desenfreada de nossa Casa Comum.
A Celebração do Natal é tempo de termos nossa Esperança restituída, de renovarmos nossos bons propósitos e assumirmos compromisso em favor da defesa da vida. Carregamos uma marca reconhecida mundialmente: somos franciscanas e franciscanos. Esta marca é reconhecida pela força da fraternidade e da paz. Então, Irmãs e Irmãos da Conferência da Família Franciscana do Brasil, ao contemplarmos o Deus que vem ao nosso encontro no Menino Jesus, o que aconteceu em um espaço geográfico da Casa Comum, Belém, na região da Judéia (Mt 2, 1); em uma estrebaria com alguns animais, tendo ao centro, o Menino deitado na manjedoura e, ao lado, sua Mãe, Maria, e José, perguntemo-nos: o que provocamos no tocante à nossa dinâmica de seguimento de Jesus; ao nosso modo de construirmos fraternidade e lutarmos pela paz e, à forma como assumimos compromisso com os pobres e o cuidado com a Casa Comum?
Ao nos fixarmos na cena do Presépio, como fez o “Poverello” de Assis, somos
chamados a refletir sobre nossa responsabilidade evangelizadora. Somos portadores da Boa-Nova para as pessoas que encontramos e devemos testemunhar a alegria de reconhecermos o Menino do Presépio como nosso Salvador. Em tempo propício para reacender a Esperança em nossos corações, nos unamos ao Papa Francisco e todo o povo de Deus, recordando suas palavras na Carta Apostólica Admirabile Signum, a qual recomendamos a leitura: “Na escola de São Francisco, abramos o coração a esta graça simples, deixemos que do encanto nasça uma prece humilde: o nosso “obrigado” a Deus, que tudo quis partilhar conosco para nunca nos deixar sozinhos” (Dado em Greccio, no Santuário do Presépio, 01/12/2019).
A todas as irmãs e irmãos, que fazem parte da Conferência da Família Franciscana, saudações fraternas e desejo de um Feliz Natal e Ano Novo de bênçãos.
Ir. Cleusa Aparecida Neves, CFA
Presidenta da Conferência da Família Franciscana do Brasil