JUSTIÇA E PAZ – Conceitos – MINIENCONTRO DAS FRATERNIDADES DA CAPITAL E GUARULHOS

JUSTIÇA E PAZ

Por ANGELO FERNANDO VAZ ROSA

MINIENCONTRO DAS FRATERNIDADES DA CAPITAL E GUARULHOS
ORDEM FRANCISCANA SECULAR – OFS
SÃO PAULO/SP – 2019

Evangelho de São MateusCapítulo 22 37

E ele respondeu: “Ame o Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma e com toda a sua mente. 38Esse é o primeiro e maior mandamento. 39E o segundo é semelhante a ele: Ame seu próximo como a si mesmo.”

Conceitos

Conceito de Paz
Cícero: “A paz é liberdade na tranquilidade.”
Hobbes: “A paz é a cessação do estado de guerra.”
Kant: ”Apaz não é natural entre os homens, sendo necessário buscá-la.”
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2007, p. 869.

Conceito de Justiça (Aristóteles)
Ética a Nicômaco
Livro V: “homem justo é o que faz atos justos”
Objetivo: construção da paz

Conceito de Justiça (Aristóteles)
Universal: estrela Vésper = virtude que acompanha todas as demais virtudes
Ex. Prudência, Temperança, Caridade, Bondade, Humildade, Paciência

Conceito de Justiça (Aristóteles)
“A justiça concentra em si toda a excelência.” É, assim, de modo supremo a mais completa das excelências. É, na verdade, o uso da excelência completa. É completa, porque quem a possuir tem o poder de a usar não apenas só para si, mas também com outrem. (Ética a Nicômaco, V, 1, 1129 b 30-34)
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Ed. Atlas, 2009, p. 105.

Conceito de Justiça (Aristóteles)
Particular: “dar a cada um o que é seu” (regra de ouro):

• Distributiva (mais importante): é mais difícil dar distribuindo = 4 elementos (2 pessoas e 2 atribuições) – circunstâncias semelhantes – justiça geométrica

• Retributiva (corretiva): justiça aritmética = 2 elementos (1 pessoa e 1 atribuição) indenizatória

• Reciprocidade (caso especial): dinheiro

Jesus e São Francisco de Assis

Evangelho de São Mateus Capítulo 5
“6Felizes os que têm fome e sede justiça, porque serão saciados.”
“9Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.”

Admoestações

Capítulo XIII – A paciência

1Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9). 2O servo de Deus não pode saber quanta paciência e humildade tem em si, enquanto está satisfeito consigo [mesmo]. 3Mas, quando chegar o tempo em que os que deveriam satisfazêlo lhe fazem o contrário, quanta paciência e humildade tiver neste momento, tanta tem e não mais.

Admoestações

Capítulo XV – A paz
1Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus (Mt 5,9). 2São verdadeiramente pacíficos aqueles que, por tudo o que sofrem neste mundo, conservam a paz na alma e no corpo por amor de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Regra Bulada

Capítulo III – 1O oficio divino e o jejum e como devem os irmãos ir pelo mundo

11Aconselho, todavia, admoesto e exorto a meus irmãos no Senhor Jesus Cristo que, quando vão pelo mundo, não discutam nem alterquem com palavras (cf. 2Tm 2,14) nem julguem os outros; 12mas sejam mansos, pacíficos e modestos, brandos e humildes, falando a todos honestamente, como convém.

Regra não Bulada
Capítulo XIV – Como devem ir os irmãos pelo mundo

2E, em qualquer casa em que entrarem, digam primeiramente: Paz a esta casa (cf. Lc 10,5).

Evangelho de São Lucas
Capítulo 10

“10Em qualquer casa onde entrarem, digam primeiro: a paz esteja nesta casa!”

Regra não Bulada
Capítulo XVII – Os pregadores

15E procura a humildade, a paciência e a pura, simples e verdadeira paz do espírito.

Cântico do Irmão Sol

10Louvados sejas, meu Senhor, por aqueles que perdoam (cf. Mt 6,12) pelo teu amor, e suportam enfermidade e tribulação. 11Bem-aventurados aqueles que as suportarem em paz porque por ti, Altíssimo, serão coroados.

Evangelho de São Mateus
Capítulo 3

“11O pão nosso de cada dia nos dai hoje, 12perdoa-nos nossa dívidas, assim como nós perdoamos aos que nos devem, 13e não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.”

Testamento

23Como saudação, o Senhor me revelou que disséssemos: o Senhor te dê a paz (2Ts 3,16).

Segunda Carta de São Paulo aos Tessalonicenses
Capítulo 3

16Que o Senhor da paz lhes dê a paz, sempre e em todo lugar. O Senhor esteja com vocês.

Evangelho de São Mateus
Capítulo 5
“6Felizes os que têm fome e sede justiça, porque serão saciados.”
“9Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.”

Exortação apostólica GAUDETE ET EXSULTATE – Papa Francisco

77. “Fome e sede” são experiências muito intensas, porque correspondem a necessidades primárias e têm a ver com o instinto de sobrevivência. Há pessoas que, com essa mesma intensidade, aspiram pela justiça e buscam-na com um desejo assim forte. Jesus diz que elas serão saciadas, porque a justiça, mais cedo ou mais tarde, chega e nós podemos colaborar para torná-la possível, embora nem sempre vejamos os resultados desse compromisso.

Exortação apostólica GAUDETE ET EXSULTATE – Papa Francisco

88. Os pacíficos são fonte de paz, constroem paz e amizade social. Àqueles que cuidam de semear a paz por todo lado, Jesus faz-lhes uma promessa maravilhosa: “serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Aos discípulos, pedia-lhes que, ao chegar a uma casa, dissessem: “a paz esteja nesta casa!” (Lc 10,5). A Palavra de Deus exorta cada fiel a procurar, juntamente “com todos”, a paz (2Tm 2,22), pois “o fruto da justiça é semeado na paz, para aqueles que promovem a paz” (Tg 3,18).

Exortação apostólica GAUDETE ET EXSULTATE – Papa Francisco

94. As perseguições não são uma realidade do passado, porque hoje também as sofremos, quer de forma cruenta, como tantos mártires contemporâneos, quer de maneira mais sutil, através de calúnias e falsidades. Jesus diz que haverá felicidade, quando, “mentindo, disserem todo mal contra vós por causa de mim” (Mt 5,11). Outras vezes, trata-se de zombarias que tentam desfigurar a nossa fé e fazernos passar por pessoas ridículas. Abraçar diariamente o caminho do Evangelho, mesmo que acarrete problemas: isto é santidade.

Carta a Santo Antônio

1Eu, Frei Francisco, [desejo] saúde a Frei Antônio, meu bispo. 2Apraz-me que ensines a sagrada teologia aos irmãos, contanto que, nesse estudo, não extingas o espírito (cf. 1Ts 5,19) de oração e devoção, como está contigo na Regra.

Benção de São Francisco de Assis a Frei Leão

1O Senhor te abençoe e te guarde; te mostre a sua face e tenha misericórdia de ti, 2Volva para ti o seu olhar e te dê a paz (cf. Nm 6,24-26). 3Frei Leão, o Senhor te abençoe (cf. Nm 6,27b).

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DECÁLOGO PARA UMA ESPIRITUALIDADE DA NÃO-VIOLÊNCIA FRANCISCANA

Rosemary Lynch, OFS Frei Alan Richard, OFM

1

A não-violência transformadora nos chama a aprender a reconhecer e respeitar “o sagrado” de cada pessoa (“o que é de Deus”, como dizem os quackers) – incluídos nós mesmos – e de toda a criação. Os atos da pessoa não-violenta ajudam a fazer surgir este divino no oponente a partir de sua obscuridade ou cativeiro.

2

A não-violência transformadora nos chama a aceitar-nos a nós mesmos, “o que somos” com todos os nossos dons e riquezas, com todas as nossas limitações, nossos erros, nossas falhas e debilidades, e perceber que Deus nos aceita como somos. Viver na verdade de nós mesmos, sem orgulho excessivo, com menos desilusões e falsas expectativas.

3

A não-violência transformadora nos chama a reconhecer que o que me ofende de outra pessoa, e talvez inclusive o que detesto, obedece à minha dificuldade em admitir que a mesma realidade vive também em mim. Reconhecer e renunciar à minha própria violência, que se faz evidente quando começo a observar minhas palavras, meus gestos e reações.

4

A não-violência transformadora nos chama a renunciar ao dualismo, à mentalidade “nós/eles” (maniqueísmo). Isto nos divide em “bons/maus” e nos permite satanizar o adversário; é a raiz do comportamento autoritário e excludente; gera racismo e acarreta conflitos e guerras.

5


A não-violência transformadora nos chama a enfrentar o medo e elevá-lo, não tanto com valentia, mas principalmente com amor.

6


A não-violência transformadora nos chama a entender e aceitar que a Nova Criação, a construção da Comunidade Amada sempre se realiza com outros. Nunca é um ato individual; requer paciência e habilidade para perdoar.

7


A não-violência transformadora nos chama a nos ver como parte de toda a criação com a qual fomentamos uma relação de amor, não de domínio, sem esquecer que a destruição de nosso planeta é um problema profundamente espiritual, não simplesmente científico ou tecnológico. Somos um só.

8


A não-violência transformadora nos chama a estar preparados para sofrer, até com alegria, se acreditarmos que isto ajudará a libertar o divino que há nos outros. Isto inclui aceitar nosso lugar e momento na história, com seu trauma e suas ambiguidades.

9


A não-violência transformadora nos chama a ser capazes de celebrar, de sentir alegria, quando tivermos aceitado a presença de Deus e, quando não o tivermos feito, para nos ajudar a descobri-la e reconhecê-la.

10


A não-violência transformadora nos chama a ir mais devagar, ser pacientes, plantar as sementes do amor e do perdão em nossos corações e nos corações de quem nos rodeia. Lentamente cresceremos no amor, na compaixão e na capacidade de perdoar.