Estudo da Regra em Fraternidade – Artigo 19

Artigo 19 da Regra

Mensageiros da Paz e Diálogo

Ambiente: Pequeno altar com Crucifixo, Bíblia, Regra, imagem de Nossa Senhora.

Mantra: Devocionário No 131.2 – P. 657 – Não perca de vista seu ponto de partida.

Canto InicialCristo, quero ser instrumento Devocionário – No 19 – P. 606

Oração inicial: Oração preparatória – Devocionário No 7 – P.178

D. Irmãos e irmãs, em sua Paixão e morte, Jesus revela de forma concreta o grande projeto do Pai: o AMOR. Jesus, o amado do Pai, se entrega de forma incondicional. A morte de Jesus se torna fecunda e, desse momento em diante, podemos celebrar a vitória do Amor e da vida sobre a morte, na certeza de que este amor estará para sempre no meio de nós. Cabe a nós franciscanos transmitir ao mundo esse amor, pois, como dizia São Francisco de Assis, “O Amor não é amado”. Devemos ser a revelação desse amor ao mundo, testemunhando-o não só com palavras, mas gestos concretos. Sejamos os mensageiros da Paz, pois “a paz é um bem que supera qualquer barreira, porque é um bem de toda humanidade” (Papa Francisco). O Senhor ressuscitou verdadeiramente! Aleluia!

Nesse encontro, somos convidados a refletir o Artigo 19 de nossa Regra, que nos convoca a viver, transmitir e aprofundar nossa reflexão sobre a Paz, a verdadeira alegria e o sentido de acolher a Irmã Morte. Iniciemos ouvindo um pequeno texto chamado “Coração Marcado”

 

Dinâmica do Amor

 

Objetivo: Devemos desejar aos outros o que queremos para nós mesmos. 
Procedimento: Preparar 2 cartões em formato de coração para cada participante.
Ler o texto “Coração Marcado”.

 

Certo homem estava para ganhar o concurso do coração mais bonito.

Seu coração era lindo, sem nenhuma ruga, sem nenhum estrago.

Até que apareceu um senhor e disse que seu coração era o mais bonito, pois nele havia marcas.

Houve vários comentários do tipo: “Como seu coração é o mais bonito, com tantas marcas?”.

O senhor então explicou que, por isso mesmo, seu coração era lindo.

Aquelas marcas representavam sua vivência; as pessoas que ele amou e que o amaram.

Finalmente, todos concordaram: o coração do primeiro homem, apesar de lisinho, não tinha tantas marcas significativas.

O amor marca nosso coração profundamente, o envolve em Paz, Alegria e Acolhimento e o faz lindo!

 

Após ler o texto, distribuir um recorte de coração (chamex quadrado dobrado ao meio e cortado em forma de coração). Os irmãos desenharão ou escreverão o que poderia estar dentro do coração.

Depois cada um vai receber um outro coração menor e nele deverá escrever o que quer guardar no seu coração. Ou o que quer que seu coração esteja cheio.

O meu coração está cheio de …

No final, haverá troca de corações, isto é, cada um entregará seu coração a um irmão.

Pode-se colocar uma música de fundo.

 

D. Após termos partilhado os melhores sentimentos de nosso coração, vamos refletir sobre a Alegria e a Paz, conforme nos diz o Artigo 19 de nossa Regra, acolhendo o Evangelho de João com o canto de Aclamação: Palavra não foi feita – Devocionário – No 75 – Pág. 632

 

LEITOR 1: João 14, 27

Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá.

Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.

 

Palavra da Salvação!

Glória a Vós, Senhor(Breve silêncio para acolher a Palavra.)

 

D. Ouçamos agora o que nos diz São Paulo, na sua Carta aos Efésios 2, 13-18

 

LEITOR 2:

Mas agora, em Cristo Jesus, vós, vocês, que estavam longe, foram trazidos para perto, graças ao sangue de Cristo. Cristo é a nossa paz. De dois povos, Ele fez um só. Na sua carne derrubou o muro de separação: desfez a inimizade, isto é, a lei apoiada em mandamentos e preceitos. Ele quis, a partir dos judeus e dos pagãos, criar em si mesmo um novo homem, estabelecendo a paz. Quis reconciliá-los com Deus num só corpo, por meio da cruz, pois foi nela que matou o ódio. Ele veio anunciar a paz, a vocês que estavam longe e aqueles que estavam perto. Por meio de Cristo, podemos, uns e outros, apresentar-nos diante do Pai, num só Espírito.

Palavra do Senhor!

Graças a Deus(Breve silêncio para acolher a Palavra.)

 

D. Também os Documentos da Igreja falam sobre a Paz.

Ouçamos o que nos diz a Gaudium et Spes, Parte II – Capítulo V, 78

 

LEITOR 3A natureza da paz

A paz não é a mera ausência de guerra, nem só pode ser reduzida a estabilizar o equilíbrio de forças adversas; não é um efeito de dominação despótica, mas vem com toda a exatidão definida pela justiça (Is 32,7). É o fruto da ordem impressa na sociedade humana pelo seu divino Fundador e deve ser implementada por homens que ardentemente aspiram a uma justiça cada vez mais perfeita. De fato, o bem comum da raça humana é regulado, sim, em sua substância, pela lei eterna, mas em suas necessidades concretas está sujeito a variações contínuas ao longo do tempo; é por isso que a paz nunca é algo alcançado de uma vez por todas, mas é um edifício a ser construído continuamente. Uma vez que, além do mais, a vontade humana é lábil e ferida pelo pecado, a compra da paz exige de todos a constante dominação das paixões e a vigilância da autoridade legítima.

 

No entanto, isso não é suficiente. Tal paz não pode ser alcançada na terra se o bem das pessoas não for protegido e se os homens não puderem trocar livre e livremente as riquezas de suas almas e sua ingenuidade. A empresa irá respeitar os outros homens e povos e sua dignidade, e a prática assídua da fraternidade humana é absolutamente necessária para a construção da paz. Desta forma, a paz é também o fruto do amor, que vai além do que a justiça simples pode trazer.

 

A paz terrena, que nasce do amor ao próximo, é a imagem e o efeito da paz de Cristo que promete do Pai. O Filho encarnado, de fato, príncipe da paz, através de sua cruz reconciliou todos os homens com Deus; restabelecendo a unidade de todos em um só povo e em um corpo, ele matou o ódio em sua carne (166) e, na glória de sua ressurreição, ele espalhou o Espírito de amor no coração dos homens.

 

Por isso, todos os cristãos são chamados insistentemente para praticar a verdade em amor e para unir todos os homens sinceramente amantes da paz para implorar isto do céu e realizá-lo.

 

Movidos pelo mesmo espírito, não podemos deixar de louvar aqueles que, renunciando à violência na reivindicação dos seus direitos, recorrem aos meios de defesa que estão, além do mais, ao alcance dos mais fracos, desde que isso possa ser feito sem prejuízo dos direitos. E os deveres dos outros ou da comunidade.

 

Os homens, como pecadores, estão e estarão sempre sob a ameaça de guerra, até a vinda de Cristo; mas porque eles conseguem, unidos em amor, vencer o pecado, eles também superam a violência, até a realização dessa palavra divina “Com suas espadas eles construirão arados e foices com suas lanças; nenhum povo pegará em armas contra outro povo, nem exercerá mais para a guerra”


D: Reflitamos, agora, sobre o Artigo 19 de nossa Regra.

 

LEITOR 1:

Como portadores de paz e lembrando-se de que ela deve ser construída incessantemente, procurem os caminhos da unidade e dos entendimentos fraternos, mediante o diálogo, confiantes na presença do germe divino que existe no homem e na força transformadora do amor e do perdão.

Mensageiros da perfeita alegria, procurem, em qualquer circunstância, levar aos outros a alegria e a esperança.

Inseridos na Ressurreição de Cristo, que dá o verdadeiro sentido à Irmã Morte, encaminhem-se serenamente ao encontro definitivo com o Pai. (Breve silêncio para acolher a Regra.)

 

D: As Fontes Franciscanas também nos trazem a reflexão sobre esse tema:

 

LEITOR 2: Legenda dos Três Companheiros 14, 58

Admoestava também os irmãos para que não julgassem nenhum homem, nem desprezassem aqueles que vivem delicadamente e se vestem elegantemente e de maneira supérflua: pois Deus é Senhor nosso e deles, podendo chamá-los a si e justificar os que foram chamados. Dizia também que queria que os irmãos reverenciassem tais homens como seus irmãos e senhores, porque são irmãos à medida que foram criados pelo único Criador e são senhores à medida que ajudam os bons a fazerem penitência, ministrando-lhes as coisas necessárias ao corpo. Dizendo estas coisas, também acrescentava: “O modo de vida dos irmãos, entre as pessoas, deveria ser tal, que quem os ouvisse ou os visse, glorificassem o Pai Celeste” e o louvassem devotamente. Pois tinha o grande desejo de que tanto ele como os seus irmãos transbordassem em tais obras, por elas Deus fosse louvado. E dizia-lhes: “Assim, como proclamais a paz com a boca, assim, em maior medida, a tenhais nos vossos corações”. Ninguém por meio de vós seja provocado à ira ou ao escândalo, mas todos sejam provocados pela vossa mansidão à paz, à bondade e à concórdia. Pois para isto fomos chamados: para cuidar dos feridos, enfaixar os que tem fraturas e chamar de volta os que erram. Pois, muitos, que nos parecem ser membros do demônio, ainda serão discípulos de Cristo”. (Breve silêncio.)

 

D. Francisco também nos exorta a refletir sobre como construir a Paz e a Perfeita Alegria entre nós. Ouçamos a Admoestações, XXI.

 

LEITOR 3: SOBRE O RELIGIOSO FRÍVOLO e LOQUAZ (VAZIO E FALADOR)

Bem-aventurado o servo que, quando fala, não manifesta todas as suas coisas em vista de recompensa e não é rápido para falar, mas sabiamente vê antes o que deve falar e responder.

Ai do religioso que não retém em seu coração os bens que o Senhor lhe revela e não os mostra aos outros, através do agir, mas em vista de recompensa, preferem mostrá-los por palavras.

Este recebeu sua recompensa e os ouvintes obtêm pouco fruto. (Breve silêncio.)

 

D. E Santa Clara nos anima a caminhar com alegria e firmeza ao encontro do Senhor que é a Paz. Ouçamos o que ela diz na Segunda Carta a Inês de Praga

 

LEITOR 1:

Lembre-se da sua decisão como uma segunda Raquel: não perca de vista seu ponto de partida, conserve o que você tem, faça o que está fazendo e não o deixe, mas, em rápida corrida, com passo ligeiro e pé seguro, de modo que seus passos nem recolham a poeira, confiante e alegre, avance com cuidado pelo caminho da bem-aventurança.  Não confie em ninguém, não consinta em nada que queira afastá-la desse propósito; que seja tropeço no caminho, para não cumprir seus votos ao Altíssimo na perfeição em que o Espírito do Senhor a chamou. (Breve silêncio.)

 

D: Ouçamos, ainda, como esse tema foi tratado no Memorial do Propositi

 

LEITOR 2: MEMORIALE PROPOSITI, 15-18. 20

[Confissão e comunhão, dever de restituir, de não levar armas e juramento]

Reconciliem-se com o próximo e devolvam o que não é seu. Paguem os dízimos atrasados e garantam os futuros.

Não recebam nem levem consigo armas mortais contra quem quer que seja.

Todos se abstenham de juramentos solenes, se não forem obrigados pela necessidade em casos excetuados pelo Sumo Pontífice em sua benevolência, isto é, pela paz, pela fé, em caso de calúnia e para testemunhar.

E, quanto for possível, evitarão juramentos em sua conversa comum. E quem jurar descuidadamente por distração, como acontece quando se fala muito, deve repensar no que fez na noite do mesmo dia, e por tais juramentos diga três Pai-nossos.

[Missa e reunião mensal]

E todos deem ao ecônomo um dinheiro comum. O próprio ecônomo recolha-os e com o parecer dos ministros. (Breve silêncio.)

 

D: E o que nos diz a Regra de Leão XIII.

 

LEITOR 3: REGRA LEÃO XIII – CAPITULO II – Do modo de viver – § 9

Entre si e com os estranhos, mantenham benévola caridade e, na medida de suas forças, façam por acabar as discórdias. (Breve silêncio.)

 

 

LEITOR 1: A aproximação maior entre as pessoas, com uma convivência melhor, é um dos sinais mais claros da presença do Reino do Céu, pois somos uma só humanidade e uma só família.

 

LEITOR 2: O diálogo é uma das formas mais antigas e sagradas de construir a comunhão.

 

LEITOR 3: Diálogo é a arte de bem OUVIR e bem falar; a arte de buscar a verdade da vida.

 

Todos: O diálogo cria o espaço justo onde as pessoas se encontram e, alegres, convivem no mistério da mesma vida na terra.

 

LEITOR 1: O diálogo evangélico, que franciscanos e franciscanas abraçam, apoia-se na força transformadora do amor.

 

LEITOR 2: Esse diálogo evangélico, que franciscanos e franciscanas procuram viver, é fortalecido pelo perdão de Deus, que o Espírito Santo derrama nos corações.

 

LEITOR 3: Mensageiros do amor, devemos testemunhar perdão e misericórdia a quem encontrarmos.

 

Todos: Louvado sejas meu Senhor, por aqueles que perdoam por teu amor!

 

LEITOR 1: Junto com a fraternidade, a alegria sempre foi uma marca expressiva de Francisco e de franciscanos e franciscanas.

 

LEITOR 2: Essa virtude não é, porém, infantil, espalhafatosa, momentânea ou barulhenta, como, às vezes, poderíamos encontrar em nossas Fraternidades.

 

LEITOR 3: Testemunhamos uma alegria interior, intensa, duradoura, que desemboca em cantos de louvor, como o Cântico do Irmão Sol.

 

Todos: A alegria evangélica está alicerçada, como expressou Bach, em “Jesus Cristo – alegria dos homens”, significando realização, sentido, vigor e coragem.

 

LEITOR 1: Outro importante testemunho de nossa vida franciscana diz respeito à Irmã Morte.

 

LEITOR 2: À exemplo de Jesus, a morte deve ser o mais belo testemunho de vida cristã e, para isso, devemos nos preparar digna e adequadamente para acolhê-la.

 

LEITOR 3: Foi trilhando esse caminho evangélico que Francisco aprendeu a difícil arte de bem morrer e nos deixou esse legado.

 

Todos: Só vive quem se doa e só nasce quem morre. Assim, nossa Regra exorta a nos encaminharmos serenamente para o encontro definitivo com o Pai!

 

D. Vamos, agora, nos reunir em grupos e refletir sobre nosso Compromisso ou Profissão (15 min.).

Aprofundemos os textos e leiamos com atenção a vivência e o gesto concreto para o mês.

 

  1. Como você se sente com essa Palavra de Jesus: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize”.

 

  1. Pai Francisco, o que é a Perfeita Alegria?”, perguntou frei Leão. E para você o que é?

 

  1. Mensageiros da perfeita alegria, procurem, em qualquer circunstância, levar aos outros a alegria e a esperança”. Como viver isso no nosso dia a dia?

 

  1. O que significa: nos “encaminharmos serenamente para o encontro definitivo com o Pai”.

 

Vivência e gesto concreto:

 

  1. Aprofundar, na vida pessoal e na Fraternidade, o significado do Artigo 19.

  2. Reservar meia hora de oração, na intimidade com Senhordiariamente.

  3. Concluir o dia sempre com a oração Rezar a Regra – p. 582 do Devocionário.

  4. Fazer uma autocrítica, diariamente, sobre sua atitude em relação à Irmã Morte.

  5. Testemunhar a perfeita alegria

  6. Buscar e transmitir a Paz, dom de Deus e fruto da justiça.

 

D. Façamos agora uma breve partilha.

 

Oração de Encerramento: – Oração ao Cristo ressuscitado – Devocionário 5.3 – P. 227

Canto final: Quem é essa mulher – Devocionário – No 88 – P. 638

Invocação e Bênção de São Francisco – Devocionário No 13.3.9.6 – P. 427/428

 

[Texto baseado nos livros: “Comentário Espiritual à Regra da OFS” – Frei Alberto Beckaüser OFM e “Franciscano Secular” – Frei Dorvalino Fassini OFM]

 

Autor: Luiz Henrique de Castro Silva, OFS – Frat. São Antonio dos Pobres – Volta Redonda, RJ