SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR

SOLENIDADE DA ASCENSÃO DO SENHOR – Ano C

02 de Junho de 2019

Pistas homilético-franciscanas

Liturgia da Palavra: At 1, 1-11; Sl 46 (47) Ef 1, 17-23; Lc 24, 46-53

MensagemTema: A ascensão, marca o fim e início de uma nova, ainda mais misteriosa, admirável, promissora e universal presença do Senhor e o início da elevação de toda a humanidade e de toda a criação

Sentimento: júbilo

Introdução

O mistério da Ascensão do Senhor, que celebramos neste Domingo, não podia ser melhor resumido do que pelo canto do Prefácio da missa de hoje: “Jesus, o Rei da Glória, nossa cabeça e princípio, subiu hoje, ante os anjos maravilhados, ao mais alto dos céus, não para afastar-se de nossa humanidade, mas para dar-nos a certeza de que nos conduzirá à glória da imortalidade”.

  1. Jesus prepara sua partida (At 1, 1-11)

Quem, dentre os textos do Novo Testamento, mais detalhadamente descreve o evento da Ascensão é a primeira leitura da Missa de hoje, tirada do primeiro capítulo dos Atos. Duas partes formam esta narrativa. Na primeira, a mais longa (verso 1-9), temos o discurso de despedida de Jesus com suas últimas instruções aos seus discípulos e, na segunda, a descrição de sua ascensão. 

  • Os últimos anúncios

O autor começa falando do ministério que Jesus desenvolveu junto aos seus discípulos durante o período dos quarenta dias que se seguiram à sua Ressurreição. Estamos de novo, diante do misterioso número 40. Quarenta dias ou anos, é sempre o tempo de Deus, isto é, de sua ação ou obra nas gerações humanas. Assim, os quarenta dias da Ressurreição até a ascensão é o tempo em que Jesus, animado pelo poder de Deus, através de inúmeras aparições e reencontros vai fortalecendo a fé dos discípulos na pessoa Dele e na sua obra que logo em seguida eles deverão levar adiante.

  • Permaneçam em Jerusalém

Lucas, recorda que “durante uma refeição” – Última Ceia – Jesus havia ordenado a seus discípulos que não se afastassem de Jerusalém…” (Cf. Lc 1,4). A razão desta ordem é muito simples: a expansão do evangelho, a obra da evangelização deve nascer lá onde tudo se consumou: o mistério da Crucificação e ressurreição que se deu em Jerusalém. Assim, tudo vai realizar-se segundo a promessa de Jesus: “Sereis minhas testemunhas em Jerusalém… até os confins de toda a terra” (At 1,8). Eis pois porque, segundo Lucas, a evangelização deve começar em Jerusalém, expandir-se progressivamente pelo mundo dos gentios até, com a pregação de Paulo, chegar a Roma, capital do mundo de então.

1.1.2. Sereis batizados no Espírito Santo

O segundo anúncio, é sem dúvida, o mais importante de todos: “Esperai a realização da promessa do Pai… vós sereis batizados com o Espírito Santo, dentro de poucos dias” (v. 4-5).

Os quarenta dias de presença e assistência de Jesus Cristo ressuscitado junto aos Apóstolos e a comunidade originária dos discípulos fecham os anos de sua missão aqui na terra e abrem os anos da missão da Igreja – a assembleia dos eleitos – a serviço do Reino do Pai. Este fora o grande e único tema de suas conversas durante aqueles quarenta dias de suas aparições como ressuscitado.

A compreensão dos discípulos, porém, a respeito do Reino de Deus, a serviço do qual eles serão enviados, era ainda muito estreita, como o demonstra esta pergunta: “Senhor, será que é agora o tempo em que vais restabelecer o Reino para Israel?” Eles esperavam, ainda, uma iminente restauração política do Reino de Israel. Escapava-lhes o sentido escatológico e universal do Reinado de Deus.

Por isso, com sua resposta, Jesus procura, em primeiro lugar, ampliar-lhes a visão acerca da história. A partir de sua morte e ressurreição, a história não pertence mais aos homens, mas a Deus; a história não está mais nas mãos da inteligência e do poder dos homens, com seus projetos e planejamentos, mas nas mãos da regência do “não-poder”, da cruz e ressurreição Dele, isto é, na misericórdia e perdão do Pai.

Em segundo lugar, a resposta de Jesus amplia a visão dos discípulos acerca do espaço do Reino de Deus. Esse espaço não é mais só e unicamente o território e o povo de Israel. Ele é ecumênico, isto é, abrange todos os povos, pois a Alegre Mensagem (Evangelho) é universal: é para toda a criação. A Jovialidade de Cristo crucificado – a Perfeita Alegria de São Francisco – em vez de particularidade de um grupo humano – é um dom que é oferecido e comunicado a todos os humanos, de todos os povos e nações.

  • Jesus foi levado ao céu.

Terminado o discurso de despedida com suas recomendações “Jesus foi levado para o céu à vista deles e sentou-se à direita de Deus” (v. 9).

Estamos diante do momento mais significativo e importante de toda a história, pois de nada teria adiantado tudo o que Deus já realizara no passado, de nada teria valido ter-nos entregue seu Filho até a morte e morte de cruz, de nada teria valido sua ressurreição se este seu Filho humanado não tivesse retornado à direita do Pai. Seríamos ainda filhos perdidos, prisioneiros do Maligno, distanciados, banidos da Casa do Pai, um Povo sem pátria e sem Rei.

Assim, a culminância do destino de toda humanidade, de toda a sua história e de toda a criação se dá na culminância do destino de Jesus com sua reentrada na glória de Deus, na comunhão com o Pai, que o enviara. Este retorno é misterioso. Por isso, ele se dá envolto por uma nuvem. A nuvem, simultaneamente, esconde e manifesta. Diz presença e ausência, ao mesmo tempo. O céu e a terra, o divino e o humano, agora que nossa carne subiu ao céu no corpo exaltado de Jesus Cristo ressuscitado, são um.

Assim, como nosso precursor, Ele prepara o caminho de nosso arrebatamento para junto do Pai. No corpo de Jesus, elevado ao céu, sentado “à direita de Deus”, isto é, entronizado no Reino do Pai, se dá a maior exaltação da nossa natureza humilde, baixa, terrena, finita. Com Ele, nossa natureza é elevada acima dos céus, isto é, das virtudes celestes (anjos). Que o ser humano, em corpo e alma, seja tão exaltado, é motivo de grande admiração e alegria. São João Crisóstomo diz: “teu corpo será igualmente levado aos céus, porque o teu corpo é da mesma natureza que o corpo de Jesus Cristo”.

A Ascensão de Cristo consuma assim, o mistério da encarnação. Segundo Santo Agostinho, para Jesus Cristo, “ir para o Pai e distanciar-se de nós significava mudar em imortal quanto de mortal Ele tinha assumido de nós, e elevar ao mais alto do céu a natureza terrena da qual, por nós, Ele tinha se revestido”.  São Cirilo de Alexandria, diz que, com sua Ascensão, Cristo inaugura um caminho novo e vivo, um caminho que antes era intransitável, isto é, o caminho que dá acesso ao céu, ou melhor, ao Santuário Celeste, como diz a Epístola aos Hebreus (Cf. Hb 9, 24). Os Padres da Igreja, por sua vez, gostam de meditar no espanto dos anjos, ao verem algo de tão extraordinário: um homem, um mortal, ascender às esferas celestiais, e sentar-se à direita de Deus Pai.

Vem então o anúncio final de toda esta narrativa: “Apareceram dois homens de vestes brancas que lhes disseram: ‘Homens da Galileia, porque ficais aqui parados, olhando para o céu? Este Jesus, que vos foi arrebatado para o céu, há de vir do mesmo modo como o vistes partir” (At 1, 11). 

Duas considerações merecem nossa atenção. Primeiramente, os dois homens de branco (seria o espírito do Antigo e do Novo Testamentos?), os anjos, mensageiros da Jovialidade divina, estão despertando a consciência dos discípulos acerca de sua hora, de sua vez. Competia a eles, agora, levar até os confins do universo e dos tempos, tudo o que eles tinham visto e ouvido.

Em segundo lugar, esse Jesus Cristo que foi arrebatado ao céu e que foi entronizado junto ao Pai consumará a história com sua segunda vinda (parusia). Sua vinda, menos que uma “volta”, será a manifestação da sua presença. Ele está no meio de nós, em meio às vicissitudes da história, numa presença latente, numa vigência velada. Confiar no mistério desta presença velada, saber que, ao subir para o céu, Ele não nos abandonou, mas que Ele está conosco todos os dias, até a consumação dos tempos e o cumprimento de todos os momentos, isto é fonte de esperança, alegria e jovialidade para todos nós, seus discípulos. Sua volta ao Pai é uma nova forma de estar junto de nós e de nos acompanhar na missão que nos entregou.

  1. Jesus Cristo e sua sumidade (Ef 1,17-23)

A segunda leitura, tirada do primeiro capítulo da Carta de São Paulo aos Efésios, começa com  um dos mais belos e profundos hinos de louvor e de ação de graças a Deus Pai por causa da origem da Igreja: “Bendito seja Deus, o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo que nos céus nos abençoou com toda a bênção espiritual em Cristo. Ele nos escolheu em Cristo antes da constituição do mundo para sermos santos e irrepreensíveis diante Dele no amor…” (Ef 1,3-4).

Estamos aqui, diante da fonte mais profunda, última e primeira da Igreja: o dom da eleição gratuita de Deus. Por isso, para Paulo, a Igreja é anterior ao cristianismo, anterior à sua constituição como comunidade eclesial.

2.1. Um espírito de sabedoria.

Dando continuidade a este hino eclesial, Paulo não podia fazer outra coisa senão rogar ao Pai para que dê aos discípulos de Éfeso o “espírito da sabedoria” (pneuma sophías). Quando Paulo fala em Espírito está se referindo aquele vigor, àquela alegria e iluminação ou luz que nascem da graça do encontro com Jesus Cristo e que se tornam fonte de inspiração, sopro de vida. Desta luz ou inspiração do Espirito advém aos discípulos a Sabedoria. Mais adiante, o próprio Paulo esclarece que a luz, o sopro de vida, a sabedoria que ele está implorando para eles não é outra senão a força de Deus manifestada em Cristo ressuscitado (Cf. Ef 1,20).  Desta sabedoria provém o conhecimento.

A palavra usada por Paulo na Carta aos Efésios, na leitura de hoje, é “epignosis”, uma palavra grega que indica um modo de conhecer como quem vê “sobre”, isto é do alto; um ver que, por isso, penetra fundo, até o íntimo, o coração da pessoa; um ver ou conhecer que percebe, descobre, compreende e re-conhece por dentro a verdade mais verdadeira da pessoa. Paulo roga, portanto, que o dom da iluminação (photismós), da glória que nasce do encontro com Cristo crucificado-ressuscitado se revele, se manifeste e tome conta dos discípulos de Éfeso. Trata-se, pois, de uma iluminação cordial, isto é, do coração, o centro, o âmago do nosso ser onde se dá a sensibilidade mais profunda do nosso espírito.

2.2. Fé e esperança que nascem do chamado

Paulo, então, começa a elencar os benefícios para quem é atingido por esta visão, esta sabedoria, esta luz:

– O primeiro é a esperança: “para que saibais qual a esperança da vocação que o seu chamamento vos dá…”.  Ora, como poderia não esperar, ou desesperar, alguém que tenha visto e tocado no seu Senhor, um Senhor que, por ele e para ele – o servo – tenha dado sua vida?!;

– O segundo é a glória: “para que saibais qual a riqueza da glória que está na vossa herança com os santos…”. Glória é o brilho, o fulgor, a força que se revela como fruto da busca da própria identidade. Por isso, se fala em glória de um médico, agricultor, etc. Aqui.  Se trata da glória dos santos, isto é, daqueles que testemunharam Jesus Cristo, seguindo seus passos até a Cruz. Eis nossa herança, diz Paulo, aos efésios, reservada a eles e a todos os seguidores de Jesus Cristo;

– Finalmente, o poder: “e que imenso poder Ele exerceu em favor de nós…”. Ora, qual o poder que Deus pôs em nosso favor, senão o poder com o qual revestiu seu Filho de ser o vencedor da morte e do pecado, ou seja, o poder de como Ele estarmos sentados à sua direita junto do trono da misericórdia e do Perdão.

 

  1. Enquanto os abençoava Jesus foi levado para o céu (Lc 24, 46-53)

O Evangelho de hoje, cuja mensagem central é o mistério da Ascensão do Senhor, começa com este anúncio de Jesus a seus discípulos: “Assim está escrito: ‘o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia”. O mistério da Ascensão, portanto, está intimamente unido ao mistério da Cruz e da ressureição.  Sem aquele este não teria nenhum sentido, ficaria sem graça, sem nenhum benefício. Por isso, segundo João, no dia da Ressurreição, Jesus dá a Maria de Mágdala a tarefa de comunicar esta mensagem aos Apóstolos:  “Eu subo para o meu Pai, que é vosso Pai, para o meu Deus, que é o vosso Deus” (Jo 20, 18). Enfim, Cruz, Ressurreição e Ascensão é a mesma e única exaltação de Jesus Cristo.

  • Ascensão preparação para o Envio

Lucas, além de testemunhar a Ascensão como conclusão do mistério pascal ele a apresenta também como preparação para o aviamento da missão dos Apóstolos. Por isso e para isso revela que naquela ocasião o Senhor “abriu-lhes o intelecto (nous) para que assim compreendessem as Escrituras” (Lc 24,35), isto é, sua paixão, crucificação e ressurreição; pediu-lhes, também, que em seu nome fizessem o anúncio da “metánoia” (conversão, transformação do pensamento) e do perdão dos pecados “a todos os povos, a começar por Jerusalém”. Finalmente, depois de instituir os Apóstolos como testemunhas (mártyres) de tudo isso, ele fala do envio do Espírito Santo. “E eis que eu enviarei a Promessa do meu Pai sobre vós” (Lc 24,49).

 O Espírito Santo é chamado aqui de “a Promessa do Pai”. Isso quer dizer: o Espírito Santo, que o Cristo recebe do Pai e comunica aos que, em todos os povos, creem no Evangelho, é o cumprimento, a plenitude, a realização consumada, da divina revelação de Deus na história da salvação. O Cristo é o portador e o comunicador do Espírito. Manifesta-se assim a Obra trinitária da Salvação! O Pai que unge, o Filho que é o ungido (Messias, Cristo), e o Espírito Santo que é a unção, isto é, o vigor e a alegria de Deus: a “Potência” (Dýnamis). Tanto é que, logo em seguida, no Evangelho de hoje, o Espírito Santo é chamado simplesmente de “Potência” (Dýnamis): “Quanto a vós, permanecei na cidade (Jerusalém) até que sejais revestidos, do alto, pela Potência” (Lc 24,49).

Nunca é demais insistir que será somente mediante a investidura desta Potência do Pai que aqueles homens frágeis, simples pescadores, de alma mesquinha e interesseira, fechados em si mesmos, poderão dar conta da grandeza da incumbência que acabavam de receber: ser testemunhas do Cristo Crucificado e Ressuscitado por toda a terra. Assim, cumprirão sua incumbência não baseados no poder humano, mas no vigor, na virtude, na potência, que vem do Alto. É o mesmo Espírito de que fala o Anjo na anunciação a Maria e que, após o Batismo conduz Jesus pelas tentações no deserto à Galileia, para começar o seu ministério; o mesmo Espírito de que fala Lucas na leitura do Atos dos Apóstolos, proclamada hoje: “recebereis uma força, a potência do Espírito Santo que virá sobre vós” (Atos 1, 8).

Nos tempos antigos a unção, ou melhor, o óleo com que alguém era untado, ungido significava a penetração do vigor, da potência de Deus. Os reis eram ungidos. Devemos notar, pois, que ao despedir-se dos Apóstolos, Jesus o faz como o Ungido (o Cristo), que ele era e que ele mostrou ser, pela sua paixão e ressurreição. Por isso, sua derradeira despedida se dá de modo solene, semelhante à liturgia da unção de um rei. Num gesto de homenagem régia e religiosa os Apóstolos se prostram diante dele para receber a bênção, a unção, a Potência do alto a fim de conseguirem testemunhar com paciência o mistério do amor misericordioso do Pai, assim como Ele, o Mestre e Senhor, o testemunhara até a morte e morte de Cruz. Se Cristo era o ungido do Pai, eles, agora, se tornam os ungidos, os “cristos” do Cristo, enviados a todos os povos, por toda a terra, para anunciar a alegria do Reino de Deus, o Evangelho.

  • Ascenção primícia da elevação de toda a humanidade e de toda a criação

O Evangelho de Lucas termina falando da alegria, do jubilo dos Apóstolos (Cf. Lc 24,52-53). Mas, qual o motivo de tão grande júbilo se o Mestre se ausentara, corporalmente, do meio deles? Segundo os Padres da Igreja, Cristo é arrebatado ao céu como aquele que vai a nossa frente, abrindo caminho, para a nossa própria ascensão ao céu. O seu corpo é primícia dos que, permanecendo ainda neste mundo, vivem da esperança de um dia também serem elevados ao céu, para junto do Pai. N’Ele, a nossa natureza é honrada e elevada, recebendo todas as virtudes dos anjos e sendo introduzida diante da Majestade divina. São João Crisóstomo assevera que “teu corpo será igualmente levado aos céus, porque o teu corpo é da mesma natureza que o corpo de Jesus Cristo”.

Nós e Cristo somos, na verdade, um só corpo. Por isso, se somos um único corpo, e se a Cabeça já entrou no céu, então também o corpo entrará, sim, até mesmo a última parte do corpo, isto é, os pés, ou seja, os mais humildes da Igreja, serão recebidos no céu, diante do “Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória”.

Todavia, não apenas nós, mas toda a criação conosco rejubila porque também ela participa desta elevação para junto do Pai comum, o Pai das misericórdias, pois, como diz São Paulo: tudo é vosso, vós sois de Cristo e Cristo é de Deus.

Os Padres da Igreja, gostam de meditar no espanto dos anjos, ao verem algo de extraordinário: um homem, um mortal, ascender às esferas celestiais, e sentar-se no mais alto dos céus, à direita de Deus Pai.

Recordemos ainda que, assim como “o Senhor Jesus Cristo não deixou o céu quando de lá desceu até nós, também não nos deixou quando subiu novamente ao céu” (Santo Agostinho). Foi o que os dois homens vestidos de branco asseveraram aos Apóstolos: “Este Jesus que acaba de ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que o vistes subir para o céu” (At 1,11).  Por isso, daqui a alguns dias o mistério de hoje será completado com a vinda do Espírito Santo. Enquanto a parousía, isto é, o retorno de Cristo glorioso não acontecer, os tempos e os espaços, na terra, se alargarão, para que a alegria do Evangelho possa atravessar gerações e gerações até o fim do mundo, e possa se difundir, com a comunicação universal do Espírito Santo a todos os povos, até os confins da terra.

Conclusão

Durante séculos, nós católicos nos ocupamos mais com a Igreja do que com Jesus  Cristo e seu Evangelho e, por isso pouco evangelizadores. Para ajudar-nos a sair desta situação, o Papa Francisco pede que olhemos e sigamos São Francisco de Assis, o “Homem inteiramente católico (universal) e apostólico”, “um outro Cristo”, o “Homem do Milênio”. Este Santo, estabeleceu para si e para seus frades que deviam começar e viver sempre: “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!”; que “a Vida e o Evangelho de Jesus Cristo” devia ser a Regra e a Vida deles e de todos os seus seguidores (RNB).

A exemplo de Jesus, ainda, o mesmo Santo, gostava e costumava congregar os frades em santos capítulos para depois “enviá-los dois a dois, dizendo-lhes: ‘Ide, caríssimos, por todas as partes do mundo, anunciando aos homens a paz e a penitência para a remissão dos pecados; sede pacientes na tribulação, confiando que o Senhor vai cumprir o que propôs e prometeu. Aos que vos fizerem perguntas respondei com humildade, aos que vos perseguirem abençoai, e aos que vos caluniarem agradecei, porque por meio disso tudo nos está sendo preparado um reino eterno’. E, recebendo o mandato da santa obediência, com gáudio e muita alegria, eles se prostravam suplicantes diante de São Francisco. Ele os abraçava e dizia com ternura e devoção a cada um: ‘Põe teus cuidados no Senhor e ele cuidará de ti’ (1C 29).

Esta experiência, certamente, é o que levou o Santo a recomendar aos frades o seguinte modo de evangelização: “não entrem em litígios, nem em brigas de palavras vãs, nem julguem os outros. Mas sejam brandos, pacíficos e modestos, mansos e humildes, falando honestamente com todos como convém” (RB 3, 11b-12).

Fraternalmente,

Marcos Aurélio Fernandes e Frei Dorvalino Fassini, ofm