SEGUNDO DOMINGO DO ADVENTO
10/11/2017 – Ano B
Pistas homilético-franciscanas
Leituras: Is 40,1-5.9-11; Sl 84 (85); 2Pd 3,8-14; Mc 1,1-8
Tema-mensagem: Preparemos o caminho do Senhor e endireitemos suas estradas porque sua vinda está próxima.
Sentimento: esperança vigilante
Introdução
Domingo passado, com a abertura de um novo Advento e do ciclo de um novo ano litúrgico, celebrávamos o princípio de nossa vida, de nossa origem, de nossa história: Deus, nosso Pai. Hoje, no segundo Domingo do Advento, o profeta Isaias e João Batista vêm nos anunciar: “Deus o nosso Salvador e Consolador está para chegar! Preparai o seu caminho e endireitai suas estradas! Confessai vossos pecados e convertei-vos”.
- O anúncio da grande teofania do perdão e da redenção
Quem nos introduz no mistério deste domingo é uma pequena perícope do livro da Consolação do profeta Isaías, cujo nome, “Yesá éyah”, significa, justamente, “aquele que salva”. O momento era de esperança para os israelitas. O famigerado império babilônico, que os escravizara, estava entrando num célere processo de decadência. Por outro lado, Ciro, rei dos persas, que estava em prodigiosa ascensão, começou a ser visto como um enviado de Deus para ser seu futuro libertador. Assim, a volta para a Terra abençoada, para o templo sagrado e para suas famílias parecia estar chegando.
Reacende-se no coração dos exilados a chama do mistério da eleição divina, de um Deus que continua amando seu povo, apesar de seus pecados e infidelidades; um Deus-Pai misericordioso e Pastor, disposto a libertá-lo de novo da escravidão e de reconduzi-lo de volta para a Terra da promessa.
1.1. Consolai, consolai
O livro da Consolação, atribuído a Isaías, começa assim: “Consolai, consolai, meu povo. Falai ao coração de Jerusalém e dizei em alta voz que sua escravidão terminou e a expiação de suas faltas foi cumprida…” Estamos diante do anúncio da melhor, mais bela e clara expressão dos sentimentos de Deus em relação ao seu povo perdido: o perdão e a redenção. Por isso, o Senhor pede ao seu mensageiro, Isaías, que grite bem alto e por duas vezes, a fim de que ninguém deixe de ouvir. Deus deseja perdoar, Deus quer redimir seu povo.
A desolação havia assolado o coração daquele Povo. Seu coração tornara-se árido como o deserto. As fontes da esperança haviam secado. Minguara-se o viço e o vigor da vida. O povo estava abatido, aniquilado. Os homens costumam temer a destruição, mas não percebem a ameaça da aniquilação. A destruição acaba com o que é. A aniquilação, com o que pode ser. A aniquilação traz a desertificação das fontes criativas da vida, espalha o deserto dentro dos homens, nos seus corações, enfim, acaba com a esperança da esperança.
No século XIX, Nietzsche dizia, como que prevendo o curso da história ocidental-europeia, que hoje se tornou um destino planetário: “O deserto cresce. Ai dos que abrigam desertos dentro de si”. Pois hoje é para este coração desolado que Deus envia a palavra da consolação, por meio do profeta: “Falai ao coração de Jerusalém e dizei-lhe em alta voz que terminaram os seus trabalhos e está perdoada a sua culpa porque recebeu da mão do Senhor duplo castigo por todos os seus pecados”.
A palavra da consolação deve ser dita ao coração, isto é, ao âmago, ao centro do ser humano, onde pulsa a sua vida, a cadência de seu existir. Deus fala ao coração de seu Povo como o amado fala à amada, a mãe ao filho, o pastor à ovelha. O viço e o vigor do coração, então, retornarão, pois, o perdão anula os pecados do passado e abre a esperança para o futuro “porque é a boca do Senhor que falou’” (vs. 3 a 8).
1.2. Rebaixemos os montes e endireitemos o que está torto
Uma voz clama! A voz é de Isaias, mas a mensagem é a vontade, o desejo de Deus, o nosso Pai. Qual vontade ou desejo? “Preparai no deserto o caminho do Senhor”. “Deserto” sempre teve na tradição bíblica o significado de lugar dos grandes encontros e alianças com Deus e “caminho”, por sua vez, como um estilo, um modo de viver, bom ou mau, em relação a Deus ou de Deus em relação aos homens.
É neste sentido que João Batista, no evangelho de hoje, fala em “preparar o caminho do Senhor” e Jesus, mais tarde, dirá que Ele é o “caminho”, isto é, o modo, o estilo de viver que leva à Vida, à salvação. Nos primeiros séculos do cristianismo, ser cristão não significava tanto seguir uma verdade, uma religião, uma doutrina, muito menos, um sistema religioso, mas antes um caminho, um percurso, uma aventura: o caminho, o percurso, a aventura do Filho de Deus que deixa a condição de Deus para, desde a concepção no seio da Virgem Maria até a morte na Cruz percorrer o caminho humano da humildade e da subalternidade. Mais tarde, no século XIII, também São Francisco retoma este sentido de ser cristão proclamando que a “A vida e a regra da Ordem dos Frades Menores é seguir Jesus Cristo, observando seu santo Evangelho”.
Para o profeta, diante de uma teofania tão grandiosa e estupenda não basta falar. É preciso subir a um alto monte e gritar. Gritar tem um quê de soprar alto, exclamar – soltar para fora o ar, o espírito profético, a convocação de Deus. E, de nossa parte, é preciso ouvir o clamor desta voz que convoca de novo, como outrora no Egito, ao deserto, isto é, ali onde a desolação do consumismo, da globalização e do despotismo do paradigma tecnocrático (Cf. LS 106), do antropocentrismo moderno (idem, 115), do absolutismo da economia, da política pela política corrupta e corruptiva nos assolam, a fim de preparar e pisar, tornar firme e segura a estrada que o Senhor inaugurou e que conduz da escravidão à liberdade, do tormento à paz; um grito que convoca à retidão, isto é, a endireitar na estepe de todos os segmentos da Igreja e da humanidade uma senda para o Senhor, a senda da justiça, da reconciliação, do perdão e da misericórdia; um grito que convoca a sair da depressão para a coragem, para erguer o ânimo e assim poder dispor-se a trilhar o caminho do Senhor.
A Palavra do Senhor convoca a sair da depressão e para a coragem, a erguer o ânimo e se dispor a trilhar o caminho: todo o vale será elevado. Convoca à humildade, à minoridade, à pobreza, à cruz: toda colina será rebaixada. Promete, ao mesmo tempo, que a graça do Senhor tornará fácil aquilo que parece difícil aos olhos humanos: “a sinuosidade será tornada plana, as sendas escarpadas serão suavizadas”. E o Senhor promete revelar-se em seu esplendor: “A glória do Senhor se descobrirá”. O homem fraco se revigorará com esta manifestação do brilho do Senhor: toda a carne, isto é, todos os homens, mortais, frágeis, juntos, verão o Senhor.
1.3. O sumo da teofania
Além do mais, se outrora Deus se servia de intermediários agora é Ele mesmo que vem em sua verdade mais verdadeira e pura a ponto de se poder apontar e dizer: “Eis aí vosso Deus”. Virá como um pastor que cuida de seu rebanho e dá a sua vida pelas suas ovelhas, um rei que entende sua realeza como serviço; um rei tão amoroso a ponto de, como pastor, carregar as ovelhas em seu próprio colo a fim de guiá-las da escravidão à liberdade, da desolação à consolação, da esterilidade do deserto à fecundidade da terra boa. Eis a boa nova que o evangelista de Jerusalém tem a dizer. Essa boa nova se tornará realidade com o advento de Jesus Cristo, que foi preparado por João Batista. Ora, como não se consolar diante de tão bela e grandiosa mensagem!? Como não esperar de novo a salvação!?
- Jesus Cristo, o Filho de Deus, Princípio da Boa Nova
Durante este ano que se inicia (o ano B) leremos o evangelho de Marcos, cujo nome em grego significa “martelo”. Poderíamos dizer que o modo como Marcos escreve é o de quem dá golpes de martelo. Aos poucos, de martelada em martelada, a mensagem de suas palavras vai sendo cravada no fundo da alma de seus ouvintes ou leitores. Qual mensagem? Que a figura de Jesus que se deslinda diante de nossos olhos a modo de terra a terra, humana, demasiado humana, que insiste sempre de novo em declarar-se e ser o “Filho do Homem” é, também, o “Filho de Deus”. Um mistério, portanto, que nos possibilita tornar-nos comungantes e testemunhas da humanidade de Jesus Cristo, de suas emoções, seus sofrimentos, sua fraqueza, sua esperança. No cume de toda esta Boa Nova está o clamor do Crucificado no último momento de sua vida terrestre: “Meu Elohim (Deus), meu Elohim, por que me abandonaste?” (Mc 15, 34). Um grito de horror e de amor, ao mesmo tempo, diante do qual o centurião romano, que está aos pés da Cruz, como representante de toda a humanidade, também exclama: “Verdadeiramente, este homem era o filho de Deus” (Mc 15, 39). Aqui está o “princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus” (vs 1), a saber, a revelação de que este homem, que se fez verdadeiramente homem é, ao mesmo tempo, o “filho de Deus”. Eis a sua identidade – quem ele é. Eis o princípio, a origem, a fonte da nova história e da nova humanidade.
Recordemos ainda que até o ano de 150 quando se falava em “evangelho” não se pensava num livro, mas na grande, bela e boa notícia deste novo início ou princípio da Criação e da história. Ele, Jesus Cristo é a Palavra definitiva de Deus, o “Primeiro e o Último” (Ap 1,17). A teofania em sua sumidade. Nele Deus disse-nos tudo de uma vez e para sempre (Cf. VD 14).
- João Batista o preparador do caminho do Senhor
Feito a anúncio de sua obra, Marcos faz questão de assentar a autoridade de sua mensagem no grande profeta Isaías[1]: “Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, que preparará o teu caminho. Uma voz clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas”.
João é apresentado por Marcos como o mensageiro (ángellos), que vem para convocar o Povo a preparar as vias da chegada do Messias, numa via de retidão, isto é, de justiça. Alguns Padres da Igreja (Ambrósio, Remígio) identificam ou comparam Marcos com a figura do leão, pois ele começa a sua narrativa evangélica com a voz de João que clama no deserto, como o rugido de um leão no ermo, manifestando seu poder[2].
João Batista é chamado “anjo” (ángellos), pela dignidade do seu ofício, a saber, de ser mensageiro da boa nova de Deus. Todo aquele que é mensageiro do Evangelho é anjo de Deus, por ofício. Este mensageiro está ante à face do Senhor, caminha na sua proximidade, como seu precursor: aquele que abre o caminho para Ele.
Ele é também chamado de “voz”. A obra da voz é servir de veículo para deixar chegar a palavra aos ouvidos dos homens. João era a voz. Cristo, a palavra de Deus, que se encarnou e veio habitar entre os homens. É uma “voz que clama”, isto é, voz potente, destinada a romper a surdez dos homens e a chegar aos que estão longe de Deus. É uma voz que clama “no deserto”: convoca os homens a uma nova travessia para a liberdade, como outrora aconteceu no deserto, sob a guia de Moisés, com o Povo da antiga aliança. A missão desta voz é preparar os caminhos do Senhor, para que ele possa chegar aos corações dos homens. Ele o faz pela pregação da penitência.
Temos nós, hoje clareza de que este é, certamente, o âmago de nossa missão, da missão da Igreja: Preparar os caminhos do Senhor e não os da Igreja, muito menos os nossos!? Falando dessa distorção, o Papa Francisco nos alerta para o fato de que muitos cristãos se preocupam mais com o prestígio da Igreja do que com o Evangelho e de sua real inserção no povo e nas necessidades concretas da história (Cf. EG 95).
2.2. O batismo de conversão
À semelhança de Jesus, também de João Batista nada sabemos de sua juventude. Filho da linhagem sacerdotal devia estar no templo. No entanto, num dado momento de sua vida abandona sua família, sua terra natal e, principalmente, seu sacerdócio para exercer outro, bem mais eficaz que aquele exercido por seu pai Zacarias e se retira para o deserto, às margens do rio Jordão a fim de, “pregar um batismo de conversão”. Tudo o que faz e prega revela ser um homem inspirado e arrebatado pelo Espírito, “um profeta e mais que um profeta” (Lc 7,26). Por isso as multidões acorrem a ele, depositando nele toda a sua confiança e esperança.
Com seu olhar de profeta vê claramente que na raiz de toda aquela decadência há somente uma causa: o pecado. Israel havia trocado Deus, seu Deus, por si mesmo. Se no passado havia adorado ídolos de barro ou de ouro, agora adorava a si mesmo, suas leis e tradições, sua religião, esquecendo o Senhor da lei, das tradições, da religião e do próprio templo.
Para sair deste pecado o homem precisava de uma purificação total. Só depois poderá sair de seus pecados e refazer sua aliança com Jahvé através de um “batismo de conversão”. O rito de purificação adotado por João também é inteiramente novo. Não era a pessoa mesma que se banhava ou purificava, mas ele, o batizador, é que em nome de Deus, mergulhava inteiramente o penitente para o profundo das águas do rio Jordão significando com isso que, para refazer ou inaugurar uma nova aliança com Deus, deve haver uma conversão, uma volta radical para o projeto de Deus; uma conversão que deve nascer, portanto do âmago mais profundo da pessoa.
Aqui tudo é simbólico, a começar pelo próprio nome “João”. São Jerônimo lembra que este nome significa “graça de Deus”. Eis, portanto, que João aparece no deserto anunciando a graça de Deus. Deserto, por sua vez, é o lugar onde nasceu o povo de Deus através de sua aliança; lugar para onde sempre se deve retornar a fim de fortalecer e restabelecer a aliança rompida pela infidelidade a Deus. Além do mais, lá no deserto não chegavam as interferências das autoridades religiosas, dos mestres da lei, dos fariseus com suas condenações. Pode-se, sim, ouvir Deus no silêncio e na solidão. O rio Jordão por sua vez nos recorda a passagem definitiva da escravidão do Egito para a liberdade dos eleitos e protegidos de Deus.
O homem que deu as costas para o mistério de Deus, se precipitando no mundo, agora dá as costas para as preocupações mundanas, e se volta para Deus. Eis o retorno. João é o amigo do esposo que leva a esposa ao encontro do esposo, como outrora um criado levara Rebeca a Isaac (Gn 24), nos sugere São Jerônimo. E todas as gentes das redondezas (Judeia, Jerusalém) iam ao seu encontro no rio Jordão. A esposa vai ao encontro do Esposo. Ela se dispõe a este encontro pela confissão de seus pecados. Assim se dispõe a se tornar pura para o seu Esposo.
João, porém, sabia que seu batismo era provisório, apenas uma preparação para o definitivo. Por isso proclamava: “Depois de mim, virá alguém mais forte que eu… Eu vos batizei com água, mas Ele vos batizará com o Espírito Santo”. João anunciava dizendo que vinha “o mais forte” do que ele depois dele. Eis a sua humildade. Ele era o maior entre os nascidos de mulher por causa da sua humildade, isto é, por fazer-se menor. A graça que seria comunicada na pessoa de Jesus Cristo seria imensamente, sim, infinitamente, maior e mais potente. Na verdade, ele nem pode ser comparado com o Messias: eu não sou digno, em me abaixando, de desatar as correias de suas sandálias. Isto quer dizer: não era digno nem mesmo de ser considerado servo de Cristo. Que ele seja o amigo do Esposo, é pura graça. João era o mensageiro, Jesus, o Rei. João era a voz, Jesus, a Palavra. João era o amigo do esposo, Jesus, o Esposo.
Quando esse retorno – que acontece com a mente e o desejo – então dá-se o feliz encontro, cantado pelo salmista hoje. São Beda ensina: a imersão no Espírito Santo nos aconteceu não só no nosso batismo, mas acontece a cada dia, quando somos inflamados pelo seu fogo divino. Quando isso acontece então dá-se o feliz encontro, cantado pelo salmista hoje: encontraram-se a misericórdia e a fidelidade, abraçaram-se a paz e a justiça, a fidelidade germina da terra, e a justiça desce do céu.
- Uma vinda demorada, mas certa
A esperança acerca da segunda vinda de Jesus entre os primeiros cristãos e assim a possibilidade de encontrar-se com Ele pessoalmente, era muito forte e vivamente desejada. Como, no entanto, ela parecia tardar ou não acontecer, muitos fiéis começaram a desanimar e a perder a fé. É para combater este perigo que São Pedro escreve a 2ª Carta da qual a Liturgia de hoje escolheu um pequeno trecho para a segunda leitura.
Pedro insiste: “O senhor não tarda a cumprir sua promessa como pensam alguns, achando que demora. Está apenas usando de paciência para convosco. Pois não deseja que alguém se perca”. E o argumento é muito simples: o tempo de Deus não é o nosso tempo. Ele se rege pelo tempo da eternidade, isto é, da paciência infinita e nós pela pressa da caducidade. Além do mais os cálculos acerca da parusia são antievangélicos pois o Senhor virá quando menos o sabemos e menos o esperamos. Por isso conclui com esta bela exortação: “Caríssimos, vivendo nessa esperança, esforçai-vos para que Ele vos encontre numa vida pura e sem mancha e em paz”. Ou seja, a questão não é quando, mas o como nós aguardamos a vinda do nosso Senhor, do nosso amado esposo!
Conclusão
Também a penitência ou conversão, princípio e caminho de toda a salvação – ao longo de toda a História do Povo de Deus e da Igreja – conheceu tempos de maior ou menor pureza. Se, muitas vezes, foi compreendida e exercitada apenas em sua dimensão ascética, moralista ou jurídica, com o Vaticano II, está sendo retomada a partir de sua essência: “a fidelidade a Jesus Cristo” (EG 26). Neste mesmo sentido, também fala o Papa Francisco: “Este é o momento para dizer a Jesus Cristo: “Senhor, deixei-me enganar, de mil maneiras fugi do vosso amor, mas aqui estou novamente para renovar minha aliança convosco. Preciso de vós. Resgatai-me de novo, Senhor. Aceitai-me mais uma vez nos vossos braços redentores” (EG 3).
Também aqui São Francisco pode nos ajudar. “Sendo igualmente ele anjo de verdadeira paz, foi destinado por Deus, segundo também à imagem e semelhança do Precursor, a preparar no deserto o caminho da mais alta Pobreza e a pregar a penitência, tanto pelo exemplo como pela palavra” (1B Pró).
Para ele fazer penitência não era uma coisa de momento, dia, semanas ou meses, mas uma vida: viver a Vida de nosso Senhor Jesus Cristo, observando seu Evangelho (Cf. RNB e Test). Por isso, para si e para seus primeiros companheiros, no princípio da Ordem, escolhera a denominação de: “penitentes” (Cf. LTC 37). Do mesmo modo, para ele, seguindo seu mestre, a penitência evangélica, a exemplo do filho pródigo, era a alegria perfeita de poder estar no caminho de retorno à sua origem, ao paraíso perdido, à casa do Pai; caminho inaugurado por Jesus Cristo quando se encarnou no seio da Virgem Maria, e consumado na Cruz quando gritou: “Meu Elohim (Deus), meu Elohim (Deus), por que me abandonaste?” (Mc 15, 34).
Por tudo isso, não deixemos que nos roubem o júbilo da penitência evangélica.
Fraternalmente,
Marcos Aurélio Fernandes e Frei Dorvalino Fassini, ofm
[1] No entanto, a citação é um mosaico de várias passagens (Ex 23,20; Is 40,3 e de Mal 3,1).
[2] Já Agostinho o vê representado pela figura do homem, pois se destaca dos demais pela apresentação da humanidade de Cristo. Teofilato, porém, o identifica com a águia, pois começa com João, o profeta, que vê as coisas de longe, como a águia.